Ao fazermos uma
pesquisa sobre o termo empreendedorismo na web, nos deparamos com milhares de páginas
conceituando empreendedor, dentro da visão clássica da administração, voltada
exclusivamente para o empreendimento empresarial individual, trazendo a figura
do empreendedor como alguém que busca o sucesso, a partir da sua capacidade de
criação e empreende num negócio próprio, ou ainda dentro da visão do chamado
terceiro setor, onde uma ONG sempre aparece para dar uma mãozinha para as
pessoas que gostariam, mas não tem condições financeiras para começar e por aí o ciclo se fecha.
E os empreendedores solidários que segundo estimativas somam hoje mais de 12 milhões? E os empreendedores individuais, muitos ainda atuando como autônomos, que somam outros milhares?
E os empreendedores solidários que segundo estimativas somam hoje mais de 12 milhões? E os empreendedores individuais, muitos ainda atuando como autônomos, que somam outros milhares?
Pelo fato de estar
trabalhando no desenvolvimento de mais dois cursos na área empreendedorismo, a partir
do universo dos negócios solidários, tenho me debruçado a pesquisar,
principalmente o conceito de empreendedorismo, a partir dessa concepção, ou
seja, o empreendedorismo associativo.
Após uma busca
intensa e pesquisa em diversos artigos, dissertações e teses, encontrei de fato
o que procurava, além de ótimos textos, encontrei também o que o Governo
Federal pensa sobre o assunto e qual a contribuição em termos de conteúdo.
Deparei-me com o documento: “Elementos Estruturantes de uma Política Nacional
de Empreendedorismo e Negócios”, disponível em:
http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivos/dwnl_1364215966.pdf
http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivos/dwnl_1364215966.pdf
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o documento apresenta
os resultados do projeto de construção de Elementos Estruturantes de uma
Política Nacional de Empreendedorismo e Negócios, cujo objetivo geral é o
delineamento de uma Política Nacional de estímulo ao empreendedorismo por meio
de um conjunto de ações de sensibilização, mobilização e estímulo ao debate
entre as partes diretamente interessadas - governo, empresariado, academia e
sociedade civil.
Como o que tem
ocorrido desde o governo do Ex-Presidente Lula e agora com a
Presidenta Dilma, as políticas nacionais, nascem de uma discussão coletiva,
seja através de fóruns, encontros, seminários ou de uma conferência nacional, como
é o caso desse projeto que estou relatando, que emergiu das discussões e
propostas do Fórum Permanente de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte e
dos seus correspondentes Fóruns Regionais, onde clamam por medidas de
governança e de simplificação dos processos nos quais estão envolvidos
diretamente os empreendedores brasileiros.
Defendo a ideia do quanto é complicado uma pessoa sem recursos nascer empreendedora e matar os seus sonhos por falta de incentivos e ajuda para colocar em prática suas ideias. É necessário apoio financeiro, de transformação da ideia num projeto, de desenvolvimento e em muitos casos de incubação do projeto. É por isso que é mais fácil se dedicar a quem já está pronto e essa categoria de empreendedores fica relegada à própria sorte.
Foi exatamente isso que fizeram os governos nacionais anteriores e atualmente em diversos estados e municípios brasileiros. Negam a Economia Solidária, por exemplo, que é abolida de toda discussão e apoio, pelo simples fato de ser uma atividade coletiva e não individual e isso fere os princípios do capitalismo selvagem, porque mesmo o capitalismo moderno descobriu não por acaso, que ou as empresas tem que se juntarem em ações coletivas ou morrem pelas mãos da competição. A maioria dos municípios brasileiros não tem uma Política Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social, não implantaram a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa e tampouco sabem o que é Economia Solidaria, quando não boicotam o que já tem estruturado pelos empreendedores.
Foi exatamente isso que fizeram os governos nacionais anteriores e atualmente em diversos estados e municípios brasileiros. Negam a Economia Solidária, por exemplo, que é abolida de toda discussão e apoio, pelo simples fato de ser uma atividade coletiva e não individual e isso fere os princípios do capitalismo selvagem, porque mesmo o capitalismo moderno descobriu não por acaso, que ou as empresas tem que se juntarem em ações coletivas ou morrem pelas mãos da competição. A maioria dos municípios brasileiros não tem uma Política Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social, não implantaram a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa e tampouco sabem o que é Economia Solidaria, quando não boicotam o que já tem estruturado pelos empreendedores.
O documento do Governo Federal é rico em
detalhes e informações. Um dos pontos altos do documento é uma síntese, apontando
onde estamos, em termos de oportunidades e desafios, onde queremos chegar e
como chegaremos lá.
Além desse material, encontrei
também outro bom trabalho, dos autores Luiz Inácio Gaiger e Andressa da Silva
Corrêa: “O diferencial do empreendedorismo solidário”, disponível em:
Os autores afirmam
que no caso da Economia Solidária, empreender equivale primordialmente a
respeitar as características da comunidade de trabalho – cerne dos
empreendimentos – e explorar suas virtudes, apoiando-se nas forças geradas pela
união dos membros, onde todos os encaminhamentos são conduzidos a partir de assembleias deliberativas. "A inteligência e a união coletiva dos trabalhadores são os
fatores que, mobilizados, funcionam como recursos fundamentais para que os
empreendimentos lidem com a realidade contingente e logrem sua sobrevivência".
Milhares de pessoas empreendedoras, que transitam além da mídia e das estatísticas do mercado esperam uma oportunidade. Faz-se necessário que
os municípios criem junto com os atores envolvidos, políticas de
desenvolvimento, envolvendo principalmente as microempresas, empresas de
pequeno porte, os empreendedores individuais e, sobretudo, para o setor da
economia solidária, incentivando a criação de cooperativas, organizado os
setores produtivos solidários e criando uma estrutura de apoio, através de um Núcleo do Empreendedor
Popular, onde seja possível organizar, capacitar e principalmente criar as condições necessárias para os negócios se viabilizarem.
Faz-se necessário inclusive o apoio para que os empreendedores, sejam individuais ou coletivos se organizem em entidades representativas democráticas, sem donos e com isso ganhem corpo e condições, de melhoria na produção, qualidade e competitividade.
O empreendedorismo solidário é antes tudo o fortalecimento dessa nova economia coletiva, fazendo frente ao mercado predatório, onde o individual forte continua vivo, porém matando economicamente seus competidores.
Faz-se necessário inclusive o apoio para que os empreendedores, sejam individuais ou coletivos se organizem em entidades representativas democráticas, sem donos e com isso ganhem corpo e condições, de melhoria na produção, qualidade e competitividade.
O empreendedorismo solidário é antes tudo o fortalecimento dessa nova economia coletiva, fazendo frente ao mercado predatório, onde o individual forte continua vivo, porém matando economicamente seus competidores.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
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