Contra
fatos não existem argumentos. Vivemos de fato dois mundos distintos no país e
isso ficará ainda mais claro nas disputas das próximas eleições.
De
um lado um governo federal inclusivo, dando voz e vez aos excluídos da
sociedade, num processo iniciado pelo Ex-Presidente Lula, um líder advindo da
camada mais pobre da sociedade e que consolidou sua liderança na luta sindical,
comandando os trabalhadores, junto com outros companheiros em plena ditadura
militar e na continuidade com a Presidenta Dilma, uma mulher que lutou contra a
ditadura e foi presa e torturada. Esses fatores que compõem as figuras de Lula
e Dilma dão calafrios na elite e deixam seus representantes aterrorizados com a
possibilidade de continuidade desse processo por longos anos.
Lembro
claramente de duas coisas na campanha de Lula de 2002: o medo da vendida global
Regina Duarte e o pedido de Mario Amato, presidente da FIESP, aquela mesma
entidade que financiou a repressão na ditadura militar, através da Operação
OBAN, sugerindo que os empresários fossem embora do país, pois Lula no poder
iria tomar tudo o que eles tinham. Imagino que ele estava com o amigo FHC na
cabeça, que realmente tomou tudo que era estatal, como se fosse seu e
simplesmente privatizou a preço de banana e o dinheiro até hoje ninguém sabe
onde está.
Quer
dizer, ninguém vírgula, pois no livro “A Privataria Tucana”, disponível aqui: http://privatariatucanaolivro2.files.wordpress.com/2011/12/a_privataria_tucana_-_amaury_ribeiro_jr1.pdf, o autor conta tintim por tintim toda
tramoia e para saber com detalhes qual era o papel do FHC no processo de
implantação do neoliberalismo no país, é só ler o livro: “O Consenso de
Washington – A visão neoliberal dos problemas latino-americanos” de Paulo
Nogueira Batista. Disponível aqui: http://www.fau.usp.br/cursos/graduacao/arq_urbanismo/disciplinas/aup0270/4dossie/nogueira94/nog94-cons-washn.pdf.
Os
governos Lula e Dilma, atuaram no econômico, ou seja, no bolso da população
mais carente e de forma diferente dos EUA, que despejaram dinheiro nos bancos e
nas empresas falidas para não quebrarem e aqui no Brasil, Lula e Dilma
simplesmente transferiram renda e criaram junto com os atores envolvidos,
centenas de políticas públicas inclusivas. Transformaram um povo cabisbaixo,
desempregado e sem perspectivas em pessoas com a autoestima em dia.
No
caso dos EUA a crise revelou mais uma contradição histórica do capitalismo
selvagem. Quando a país está bem tudo o que estatal tem que ser privatiza, pois
bom mesmo é o mercado e quando o mercado está em crise, advinha quem salva? O
Estado é claro, injetando dinheiro e muito nos bancos e nas empresas. Era isso
que eles esperavam do Brasil de FHC e seus aliados.
Por
outro lado vivemos outro Brasil: separatista, machista, homofóbico, racista e,
sobretudo violento. Um país onde muitas empresas pagam mais para os homens do
que para as mulheres, para os brancos mais que os negros e para os não
deficientes mais do que para as pessoas com deficiência, mesmo que esses tenham
mais experiência. Um país que extermina
sua população jovem, preferencialmente negra e de periferia, comandada por uma
polícia despreparada e violenta, que descarrega na população pobre e nos jovens
toda sua ira e revezes da vida e dos governos estaduais, onde a maioria não faz
a sua parte. O pior de tudo isso, vem do fato de que a guarda municipal em
alguns municípios, como é o caso de Americana, virou a guarda de honra do
prefeito e reprime a população se falar mau do prefeito, que está caçado
governando com liminar. Apesar disso, em Americana, a guarda municipal acaba
fazendo o trabalho da polícia que está totalmente sucateada.
É
claro que não se pode generalizar, pois no meio disso tudo há homens e mulheres
do bem, mas, no entanto contaminados pelos códigos do poder econômico e social.
O
“rolezinho”, como está sendo chamado é a garotada pobre que também quer ir ao
shopping, um lugar de vitrines bonitas, para um flerte e quem sabe uma pipoca.
A partir de agora estão proibidos. Todas as pessoas com cara de pobre estão
proibidas de circularem e se essa moda pegar será no país inteiro. Na verdade
essa garotada, além do apartheid social carece de opções de cultural e lazer,
sem contar com uma educação de qualidade. Os municípios brasileiros estão em
débito com a juventude brasileira.
Vale ressaltar que o Prefeito Haddad é
totalmente a favor dessa medida. Só ouvindo a população é que os gestores poderão,
não só construir políticas públicas alternativas, mas principalmente entender
que a repressão poderá desencadear numa das maiores injustiças que o país já
viveu: a exclusão até da possibilidade de apreciar, pois a de comprar num shopping está mais
próximo, devido aos vários programas nacionais e melhoria na vida dos
brasileiros, mas ainda está bem distante.
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
Para contribuir fazendo um link com outro comentário sobre o tema da Violência postado anteriormente. O "Rolezinho" desnuda o ódio e a prepotência da elite brasileira contra a juventude. Se em Junho as redes sociais se tornaram forte elemento de mobilização social da juventude agora estas mesmas redes sociais devem ser monitoradas para pegar quem inicia esta invasão a propriedade privada dos ricos, ou do mundo sem contradição que é o mundo dos Shoppings. É a falência das politicas publicas que tem o jovem como prioridade. Como se enfrenta isto? Não vamos enfrentar de frente este desafio sem uma Reforma urbana que é essencial. A ocupação dos espaços urbanos devem levar em conta uma política publica que garanta acesso a cultura, esporte e lazer de forma universal e que reconheça todas as manifestações dos diferentes grupos sociais, infelizmente o Shopping é a pobre opção desta juventude.
ResponderExcluirBruno Francisco Pereira