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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A participação é a solução mais segura para a moralização na política e na gestão pública. Quem não me ouve não me representa!


Com dois terços da minha vida dedicados à militância política e por uma causa humanista, já vi de tudo. Desde a esquerda ortodoxa dizendo que a saída era a revolução, mas para isso tinha que ter a “ditadura do proletariado”, passando por um setor que achava e acha que é só trocar os políticos nas eleições que a coisa se ajeita, passando pelo setor dos “coxinhas”, que afirma que o Estado está falido (que eles faliram) e portanto tem que ser substituído pelo tal terceiro setor (uma invenção neoliberal), até o senso comum vendido pelo PIG – Partido da Imprensa Golpista (que adoraria dar um golpe no governo da Presidenta Dilma), vendendo a ideia de que todo político é igual, pois todos roubam e assim não tem jeito.

Começando pela esquerda ortodoxa, que teve sim um papel importante na luta contra a ditadura, vejo-a nos dias de hoje aliada no discurso ao setor mais reacionário do país, ao fazer a análise do governo federal e o pior, cada vez mais virando apenas um gueto, onde todos estão errados e somente os militantes dela estão certos. Hoje tenho plena convicção de que a “ditadura do proletariado” continua sendo uma coisa ruim, onde uma minoria ao chegar ao poder aprisionarão a maioria por medo de perder o poder. Essa esquerda ganharia muito mais se fizessem a revolução armada enfrentando, por exemplo, o tráfico, que é o maior mal da atualidade.

Outro setor que deve ser combatido é o que vende a ideia de que é só votar em alguém que as coisas irão melhorar, mesmo sem a população, por falta de participação e de esclarecimentos, sequer saber em quem estão votando. Puro marketing eleitoral. Vende-se a ideia do salvador da pátria. Do político bem intencionado, que dedicará seu tempo exclusivo para o bem da população. Que fique claro: sem um projeto discutido amplamente com a população, não há político que salve ninguém.

Agora, uma verdadeira enganação é essa coisa chamada “terceiro setor”, que vende a ilusão de que a benevolência e o voluntariado substituirão o Estado. Não estou me referindo às ONGs sérias, aquelas que nasceram a partir de uma discussão coletiva e uma questão de fato e sim das que usam o Estado com seu dinheiro e vendem a ilusão de que somente elas poderão resolver os problemas sociais. Segundo Carlos Montaño em seu ótimo livro “Terceiro Setor e Questão Social”, esse foi um tema forjado pelo EUA e veio no pacote do neoliberalismo. Diminui-se o Estado (Tese do Estado mínimo), privatizando tudo, precariza-se as funções sociais do Estado (que é a negação ao Estado de Bem Estar Social) e entrega a sorte da população ao chamado terceiro setor. Ou seja, substitui-se o Estado em suas funções sociais pelo trabalho voluntário das ONGs. Trota-se o militante que dá trabalho ao sistema e adota-se o voluntário, que pode fazer maldade até sexta e benevolência aos sábados e domingos. É como se fosse uma espécie de catarse, de purificação da alma.

Porém, o pior é o que está na pauta nacional comandado pelo PIG – Partido da Imprensa Golpista, formado por rádios, tvs, jornais e diversas revistas, que quer pensar, analisar, propor e agir pela população. A partir de agora não precisa fazer mais nada é só seguir um desses instrumentos do mal que você saberá o que fazer. Uma verdadeira lavagem cerebral diária. Eles determinam o que é bom para a população, em termos de:  vestir, comer, andar, falar e principalmente em quem não votar. Todos os candidatos que são contra o sistema e defendem a população pobre, viram membros dos “rolezinhos”, ou ainda gente que quer desestabilizar o “deus” mercado.

Chega dessa situação não é? O Brasil de antes de 2003, endividado, refém dos EUA e do FMI, que não dava oportunidade para ninguém, que não tinha emprego, que nenhum filho de pobre e principalmente negro podia estudar, que não se podia comprar uma casa própria ficou para trás. Estamos vivendo, apesar das criticas dos “coxinhas” e de toda a galera do andar de cima econômico, um novo momento. Andamos mais de avião, comemos melhor, trocamos nossos carros, compramos nossas casas e principalmente trabalhamos e se quisermos com carteira assinada. Isso não foi doado foi conquistado pela população que teve a coragem do colocar um trabalhador e uma mulher no poder central do país e todas as manifestações que os antecederam. Portanto algo que deve continuar.

A única forma de darmos continuidade é com a participação. Fazer parte de todas as instâncias que vão decidir nossas vidas, a começar pela entidade de bairro e porque não a participação nos partidos políticos, que ao contrário do que o PIG e seus aliados pregam, são instancias importantes para o processo democrático e muitos deles só estão bichados por falta de gente séria dentro deles. Sem partidos políticos não hpa democracia e sim ditadura.
Assim, invadindo esses espaços com pessoas do bem, repudiando todos aqueles que nos trata como “garrafinhas” e dizendo claramente “não” para o que não concordamos e “sim” para todas as ações que tiverem como objetivo principal a mudança para melhor na vida da população, em especial da população carente que não tem condições de decidir sozinha, estaremos prestando um grande serviço para a humanidade e mantendo firme o movimento de resistência contra toda promiscuidade que invade diariamente a sociedade e os bastidores do poder.

Bem ao mundo da resistência, da solidariedade e das pessoas de bem. Um espaço onde a maioria decide é certo, mas a minoria também será ouvida.

Precisamos de uma Reforma Política já!

Textos do Autor:
1. Artigo do Carlos Montaño – Pobreza, questão social e seu enfrentamento: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-66282012000200004&script=sci_arttext

2. Contraponto Carlos Montaño – Entrevista: http://www.uerj.br/arq_comuns/Contraponto_2007.1.pdf

Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo

2 comentários:

  1. A participação popular é o caminho sem volta e é a soberania de um povo em ação, vamos construir blogs e virar blogueiros... Parabéns pela iniciativa.

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  2. Obrigado Helena
    Sou do tempo em que para construir uma casa tinha que ser por mutirão, como a nossa.

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