Com
dois terços da minha vida dedicados à militância política e por uma causa humanista, já vi de tudo. Desde a esquerda ortodoxa dizendo que a saída era a revolução,
mas para isso tinha que ter a “ditadura do proletariado”, passando por um setor
que achava e acha que é só trocar os políticos nas eleições que a coisa se
ajeita, passando pelo setor dos “coxinhas”, que afirma que o Estado está falido
(que eles faliram) e portanto tem que ser substituído pelo tal terceiro setor
(uma invenção neoliberal), até o senso comum vendido pelo PIG – Partido da
Imprensa Golpista (que adoraria dar um golpe no governo da Presidenta Dilma),
vendendo a ideia de que todo político é igual, pois todos roubam e assim não
tem jeito.
Começando
pela esquerda ortodoxa, que teve sim um papel importante na luta contra a
ditadura, vejo-a nos dias de hoje aliada no discurso ao setor mais reacionário
do país, ao fazer a análise do governo federal e o pior, cada vez mais virando apenas
um gueto, onde todos estão errados e somente os militantes dela estão certos. Hoje
tenho plena convicção de que a “ditadura do proletariado” continua sendo uma
coisa ruim, onde uma minoria ao chegar ao poder aprisionarão a maioria por medo
de perder o poder. Essa esquerda ganharia muito mais se fizessem a revolução
armada enfrentando, por exemplo, o tráfico, que é o maior mal da atualidade.
Outro setor que deve ser combatido é o
que vende a ideia de que é só votar em alguém que as coisas irão melhorar,
mesmo sem a população, por falta de participação e de esclarecimentos, sequer
saber em quem estão votando. Puro marketing eleitoral. Vende-se a ideia do
salvador da pátria. Do político bem intencionado, que dedicará seu tempo
exclusivo para o bem da população. Que fique claro: sem um projeto discutido
amplamente com a população, não há político que salve ninguém.
Agora, uma verdadeira enganação é essa
coisa chamada “terceiro setor”, que vende a ilusão de que a benevolência e o
voluntariado substituirão o Estado. Não estou me referindo às ONGs sérias, aquelas
que nasceram a partir de uma discussão coletiva e uma questão de fato e sim das
que usam o Estado com seu dinheiro e vendem a ilusão de que somente elas
poderão resolver os problemas sociais. Segundo Carlos Montaño em seu ótimo
livro “Terceiro Setor e Questão Social”, esse foi um tema forjado pelo EUA e
veio no pacote do neoliberalismo. Diminui-se o Estado (Tese do Estado mínimo), privatizando
tudo, precariza-se as funções sociais do Estado (que é a negação ao Estado de
Bem Estar Social) e entrega a sorte da população ao chamado terceiro setor. Ou
seja, substitui-se o Estado em suas funções sociais pelo trabalho voluntário
das ONGs. Trota-se o militante que dá trabalho ao sistema e adota-se o
voluntário, que pode fazer maldade até sexta e benevolência aos sábados e domingos.
É como se fosse uma espécie de catarse, de purificação da alma.
Porém, o pior é o que está na pauta
nacional comandado pelo PIG – Partido da Imprensa Golpista, formado por rádios,
tvs, jornais e diversas revistas, que quer pensar, analisar, propor e agir pela
população. A partir de agora não precisa fazer mais nada é só seguir um desses
instrumentos do mal que você saberá o que fazer. Uma verdadeira lavagem
cerebral diária. Eles determinam o que é bom para a população, em termos de: vestir, comer, andar, falar e principalmente
em quem não votar. Todos os candidatos que são contra o sistema e defendem a
população pobre, viram membros dos “rolezinhos”, ou ainda gente que quer desestabilizar
o “deus” mercado.
Chega dessa situação não é? O Brasil de antes
de 2003, endividado, refém dos EUA e do FMI, que não dava oportunidade para
ninguém, que não tinha emprego, que nenhum filho de pobre e principalmente negro
podia estudar, que não se podia comprar uma casa própria ficou para trás. Estamos
vivendo, apesar das criticas dos “coxinhas” e de toda a galera do andar de cima
econômico, um novo momento. Andamos mais de avião, comemos melhor, trocamos
nossos carros, compramos nossas casas e principalmente trabalhamos e se
quisermos com carteira assinada. Isso não foi doado foi conquistado pela
população que teve a coragem do colocar um trabalhador e uma mulher no poder
central do país e todas as manifestações que os antecederam. Portanto algo que
deve continuar.
A única forma de darmos continuidade é
com a participação. Fazer parte de todas as instâncias que vão decidir nossas
vidas, a começar pela entidade de bairro e porque não a participação nos
partidos políticos, que ao contrário do que o PIG e seus aliados pregam, são
instancias importantes para o processo democrático e muitos deles só estão
bichados por falta de gente séria dentro deles. Sem partidos políticos não hpa
democracia e sim ditadura.
Assim, invadindo esses espaços com
pessoas do bem, repudiando todos aqueles que nos trata como “garrafinhas” e
dizendo claramente “não” para o que não concordamos e “sim” para todas as ações
que tiverem como objetivo principal a mudança para melhor na vida da população,
em especial da população carente que não tem condições de decidir sozinha,
estaremos prestando um grande serviço para a humanidade e mantendo firme o
movimento de resistência contra toda promiscuidade que invade diariamente a
sociedade e os bastidores do poder.
Bem ao mundo da resistência, da
solidariedade e das pessoas de bem. Um espaço onde a maioria decide é certo,
mas a minoria também será ouvida.
Precisamos de uma Reforma Política já!
Textos do Autor:
1. Artigo do Carlos Montaño – Pobreza,
questão social e seu enfrentamento: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-66282012000200004&script=sci_arttext
2. Contraponto Carlos Montaño –
Entrevista: http://www.uerj.br/arq_comuns/Contraponto_2007.1.pdf
Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo
A participação popular é o caminho sem volta e é a soberania de um povo em ação, vamos construir blogs e virar blogueiros... Parabéns pela iniciativa.
ResponderExcluirObrigado Helena
ResponderExcluirSou do tempo em que para construir uma casa tinha que ser por mutirão, como a nossa.