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domingo, 5 de janeiro de 2014

É possível desenvolvermos o coaching na gestão pública?

Figura: questaocoaching.com.br

Para quem não tem muita habilidade com essa “modernagem”, é bom saber que essa é mais uma palavra da moda e que no mundo empresarial, pelo menos para aquelas empresas que praticam uma política séria e do “ganha-ganha”, é uma palavra indispensável, mas será que tem espaço para o coaching na gestão pública?

Segundo o IBC – Instituto Brasileiro de Coaching: Coaching é um processo de desenvolvimento humano, pautado em diversas ciências como: Psicologia, Sociologia, Neurociências, Programação Neurolinguística, e que usa de técnicas da Administração de Empresas, Gestão de Pessoas e do universo dos esportes para apoiar pessoas e empresas no alcance de suas metas, no desenvolvimento acelerado e, em sua evolução contínua.

Ao elaborar o Curso “Os Desafios do Trabalho em Grupo”, para a Prefeitura de Artur Nogueira e depois replicado na Prefeitura de Iracemápolis, busquei outras definições sobre o assunto, principalmente para sentir a reação das pessoas. O que é um coaching?
  • É um relacionamento no qual uma pessoa se compromete a apoiar outra a atingir um determinado resultado, seja ele o de adquirir competências e/ou produzir uma mudança específica.
  • Não significa um compromisso apenas com os resultados, mas sim com a pessoa como um todo, seu desenvolvimento e sua realização. Coaching é mais do que treinamento, o coach permanece com a pessoa até o momento em que ela atingir o resultadoNunca o abandona.
  • É dar poder para que a pessoa produza, para que suas intenções se transformem em ações que, por sua vez, se traduzam em resultados.
Assim, os resultados nascem de um processo de valorização humana e não apenas de números para compor uma planilha, ou para engrandecer alguém.

Como atua um coach com a pessoa que está sendo assistida:
  • Ajuda-o a aprender, mais do que ensina;
  • Ajuda-o a descobrir as áreas em que seu potencial de desenvolvimento é maior;
  • Ajuda-o a desenvolver sua inteligência emocional;
  • Ajuda-o a fazer opções;
  • Ajuda-o a definir suas metas;
  • Ajuda-o a analisar os erros, origens e como superá-los;
  • Coloca-se a serviço – não controla;
  • Fornece pistas que o ajude a optar e a decidir;
  • Faz-lhe críticas construtivas;
  • Fornece feedback;
  • Reconhece seu mérito;
  • Motiva-o;
  • É sincero na relação;
  • Promove: autodesenvolvimento, respeito e autonomia.
Arrisco-me a dizer que na gestão pública, só é capaz de ser um coach quem de fato for, além de profissional, um militante de uma causa. Quem segue pelo caminho da boa política, pelo caminho do bem e principalmente enxerga que a máquina pública é composta por pessoas, que sofrem com os baixos salários, que desanimam pela falta de perspectiva e se decepcionam com muitos gestores, que vendem a ideia de serem diferentes dos anteriores, porém quando chegam ao poder são iguais ou piores, transformando a gestão pública num paraíso para suas vidas pessoais e trazendo seus colaboradores de fora, pois a maioria que está dentro da máquina, jamais estaria à disposição para a promiscuidade.

É importante sempre frisar, que o estudo da administração pública, como um campo da gestão, como um campo profissional e tornando os servidores profissionais do serviço público, é algo muito novo, que não tem nem dez anos.

Também vamos nos precaver. Uma gestão pública apenas de resultados, sem a participação da sociedade no processo de construção, implantação e fiscalização e dando “choque de gestão”, resulta no que se transformou, por exemplo, o Estado de São Paulo, que em pouco menos de 20 anos, perdeu o bonde do desenvolvimento. Tornou-se um Estado sem controle e o pior, sem perspectiva.

Um coach na gestão pública, em primeiro lugar teria que focar em alguém que vai gestar com o coração e não com o bolso ou com o caixa dois pensado na reeleição, pois uma possível ajuda de uma empresa viria no final da gestão, como agradecimento e não como um negócio. Teria que conhecer primeiro de povo, para depois ajudar uma liderança atingir os melhores resultados com o povo e traçar um caminho de recuperação das pessoas que prestam serviços e perderam, ao longo do tempo, a esperança de uma vida melhor e de uma sociedade igual para todos.

Já falei algumas vezes. Toda vez que vou à Brasília e preciso conversar com um gestor de praticamente todos os Ministérios, volto com a convicção de que aquela pessoa que me atendeu, independente da idade e do sexo, nasceu para aquilo. Tamanha a dedicação e carinho que nos recebe. São pouquíssimas as pessoas que nos recebe mal.

Um coach na Gestão Pública tem primeiro que gostar de gente e por elas fazer que for necessário para que ela e a gestão deem certo. Essa é a receita da boa política e da boa gestão e também o lugar onde a amizade nasce como uma forma de retribuir o carinho e ter aquela pessoa por perto pelo resto da vida.

Bem vindos ao mundo do compromisso e da dedicação, onde todas as lideranças de uma causa poderão se tornar um coach, em quem as pessoas querem se espelhar e caminhar para o futuro.

Se ser um coach é dar mais que receber, imaginem um militante de uma nobre causa, que em muitas situações doam suas próprias vidas, simplesmente pela liberdade.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública e Social da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

Um comentário:

  1. METAS, REALIZAÇÃO PESSOAL E A PREOCUPAÇÃO COM O OUTRO PARECE QUE TUDO ISSO É UTÓPICO NA GESTÃO PÚBLICA . A GESTAÕ DE PESSOAS ELA ESTÁ ALÉM DESSA QUESTÕES, DAR PODER PARA QUE A OUTRA PESSOA PRODUZA , PARA QUE SUAS INTENÇÕES SE TRANSFORMEM EM AÇÕES QUE, POR SUA VEZ , SE TRADUZAM EM RESULTADOS. O COACH É UMA PESSOAS QUE VESTE A CAMISA DA EMPRESA OU SEJA DA GESTÃO PUBLICA. POR ISSO BUSCAR SEMPRE O CONHECIMENTO PODE SER UMA BOA RECEITA.

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