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Vivemos
numa sociedade machista, racista, homofóbica, seletiva e desrespeitosa, que olha
seus idosos de forma preconceituosa, acreditando e fazendo-os acreditar que são
pessoas improdutivas e inúteis. Nem mesmo os Planos Governo apontam Políticas Públicas para as pessoas idosas.
Qualquer
termo que configure esse setor, numa sociedade capitalista que enxerga o
ser humano como mercadoria não condiz com o respeito necessário. Terceira
Idade, Feliz Idade, Melhor Idade e tantas outras, são apenas rótulos que
determinam quem não faz mais parte do mercado de consumo. Algo que vai do trabalho
ao lazer. Do mundo exterior ao familiar.
A idade vai chegando sem notarmos. Quando vemos o tempo passou. Vamos sentindo aos poucos suas marcas e selecionados por quem tem menos idade onde podemos estar ou onde não nos cabe mais. Do ponto de vista de algumas pessoas, onde tiver um grupo de pessoas jovens, pessoas do dobro de suas idades ou mais não podem frequentar ou se misturar. Eu já senti esse preconceito e sei o tamanho da dor. Nessas horas passa um filme pela nossa mente.
Ser velho ou velha numa sociedade viciada é conviver com a experiência que acumulamos e não sabermos onde poderá ser útil, mediante a uma radical mudança sistêmica de valores e de novos modelos de vidas descartáveis hoje em curso. Algo tão superficial que nos põe à prova, até mesmo em alguns momentos em reuniões da nossa linha de pensamento e isso nos leva a uma profunda reflexão. Às vezes nesses casos só nos resta o silêncio.
Existe uma necessidade de provarmos todos os dias que estamos vivos (as), ativos e ainda sonhando com o amanhã e
com os nossos desejos, que nada há de secretos. É a audácia de queremos ainda tocar o coração de alguém
que imaginamos nos enxergar com a alma. É uma caminhada teimosa contra a tirania
dos sutis ou explícitos preconceitos, que segrega a humanidade em classes
econômicas ou de conhecimentos, através de todo tipo de aparências que imaginam ser imortais,
onde o TER vale muito mais que o SER.
É sorrirmos
quando tudo nos leva ao Jardim do Éden e chorarmos em silêncio quando alguém nos lembra de
que os nossos limites vão além da linha do horizonte.
Porém,
do outro lado do universo há um céu azul nos convidando a pipar. É preciso que ocupemos sem
licença o mundo que ajudamos a criar, enfrentando a discriminação e os
preconceitos, cantando para alguém que nos queira ouvir, lutando de mãos dadas
pelos nossos direitos e, sobretudo lembrando que vida e morte são irmãs gêmeas de
acordo com as nossas crenças e mesmo o dinheiro ou a aparência corporal não
evita a morte, mas enquanto o coração pulsar há esperanças de uma vida melhor e uma história a contar.
Que
valorizemos e sejamos sempre gratos (as) a quem nos respeita e por quem caminha conosco,
mesmo nos momentos de pura chatice ou de mudança de humor. Que procuremos colorir com as cores do universo o tempo que nos for
concedido futuro afora.
Ousar
viver bem na velhice é antes de tudo um ato revolucionário, uma guerra contra o
sistema excludente e desigual e principalmente um ato de amor pela vida.
Amanhã quando acordarmos, vamos celebrar mais um dia de vida rumo ao
futuro, mesmo que seja do infinito enquanto dure. Que seja uma manhã de sol onde
possamos tomar café, mesmo em pensamento, com quem amamos e quem sabe façamos até bolinhos
de chuva...
O
que vou ser ou como estarei daqui a dez anos? O que o destino me reservar e a nossa luta tiver alcance. Vou
continuar celebrando com as pessoas que amo e com aquelas que por descuido ou
por escolha ou ainda por destino ou acaso, também me escolherem para amar.
Antonio
Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social