Vejo o ano que se aproxima como uma
longa e complexa equação a ser resolvida, onde os interesses eleitorais estarão
na pauta nacional e nas pautas estaduais, comandadas ora pelo financeiro e ora
pelas emoções à flor da pele que levam o povo a votar pela emoção e não por um
programa ou projeto.
Cada um e uma de nós, que estamos no front das lutas diárias e temos conteúdo, somos capazes de fazer uma análise sobre o cenário político e que expectativa mínima temos para o ano que se inicia, além de desejarmos Lula Presidente novamente, porém não a qualquer custo, pois já sabemos o que ocorreu com a Presidenta Dilma em seu segundo mandato. O golpe foi construído no interior do Planalto.
A política eleitoral é um jogo de
interesses, quase sempre pessoais ou de grupos, que passam longe da base da
sociedade, principalmente das pessoas que mais precisam, além das combinações,
acordos, negociatas e conchavos, confundirem a cabeça de quem vota e isso
mostra o número de abstenções, brancos e nulos. Além disso, nosso ideário
ideológico aponta sempre à esquerda com candidaturas coletivas, participativas
e populares, pautadas por um conselho participativo e deliberativo de mandato.
No seio das disputas, fecharemos o ano
com algumas inquietações e dúvidas, entre elas a consolidação da tal Frente Ampla
como um instrumento criado para agradar gregos e troianos e um afago à direita.
Uma mistura complicada que indica mais problemas à frente como já vimos nesse
filme antes.
Além disso, vem ai a federação
partidária chamada pelo PSB, que agregará o PT e outros partidos incertos. Algo
que a meu ver é uma junção de interesses para salvar alguns partidos e com foco
eleitoral apoiado na visão de que o PT terá um bom resultado e isso, além de
salvar alguns beneficiará todos.
Não dá para endeusar como se fosse uma
Frente de Esquerda, que não é tampouco ir fazendo a defesa apaixonada, sem
esmiunçar o que isso significa na real. Necessita de um amplo debate interno
para que sejamos convencidos ou tenhamos a convicção de que o caminho seria à
esquerda, tanto para as alianças partidárias, como com os setores organizados e
movimentos.
Vale tudo no processo eleitoral? Como nos diferenciar? Qual o custo político disso? Quem pagará essa conta? O que sobraremos? O que dizer de uma aliança com Alckmin, um neoliberal convicto e agressor de professores. Algo que nós de São Paulo ficamos com azia só em pensar. Será esse o caminho? É o que nos resta? Ou é o conjunto do partido quem vai decidir?
Negamos o socialismo por mais de 20
anos. Fizemos alianças das mais inusitadas e chamamos de “companheiros” quem
nos traiu e nos golpeou. O que falta para aprendermos? Caso valha tudo era até
preferível um empresário ou empresaria como vice, pelo menos não teríamos que
convencer vários setores que o que era um demônio ontem, passou a “santo” dos
milagres para a eleição. Algo bem difícil de explicar...
O PT é um partido confiável, para quase
um terço de quem vota e não precisa de determinadas alianças que o exponha,
tampouco levar o companheiro Lula a se juntar com velhas raposas para chegar a
uma vitória. Existem outros caminhos, outras pessoas e outros valores em jogo.
Qualquer tipo de aliança na linha
programática indica que o que é combinado não é caro. O próprio Lula deu o tom.
É o PT quem vai discutir a questão do vice e se assim for entraremos o ano em
debates, lembrando que só teremos até o dia 31 de março.
Quando as crises políticas invadem meu
seu, recorro a Paulo Freire, vejo e revejo sua fantástica palestra, que indico:
“O simbólico e diabólico na política”. É uma viagem para nos alertar das
armadilhas do sistema, dos cantos da sereia e dos caminhos a seguir.