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quinta-feira, 27 de junho de 2019

O que mantém as pipas no ar?


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Como um saudosista, que acumula erros e acertos na vida, poderia simplesmente afirmar que já não se pipa como antigamente, visto que os tempos e os valores são outros e principalmente as pipas já não são mais as mesmas, pois vêm agora em novo estilo. Porém, é bom que se diga, que se o amor pelo ato de pipar for o mesmo, não há tempo, espaço ou lembranças pelo que não deu certo quando pipávamos no passado, que confundam a cabeça e o coração de quem enxerga numa pipa a continuidade do desejo pessoal de voar rumo ao infinito de nossas emoções e realizações.

No universo do ato pipar, o espírito de liberdade aflora quando sente que há uma perfeita sinergia entre um ser com uma pipa na mão, o clima necessário para fazê-la subir, o tempo de construção da relação de identidade e a pipa no ar, que vai desafiando o universo em busca da linha do horizonte.

Ontem eu sonhei pipando e acordei com uma vontade imensa de fazer isso de verdade e logo hoje que amanheceu um céu lindo e um sol de encher os olhos de quem não gosta de dias nublados.

Observando os dias de hoje, é possível afirmar que pipar está fora de moda? Ou só pipa quem é apaixonado pelo ato de viver e usa o ato de pipar para colorir o universo? Dá para pipar sozinho? Que graça tem nisso? Seja como for, pipar rompeu o tempo passado chegando ao presente, mesmo que de forma tímida diante de tantas brincadeiras tecnológicas à disposição de quem pipava, porém ainda se mantém vivo e com energia suficiente para seguir futuro afora, com as rabiolas desembaraçadas, sem cerol nas linhas e desafiando a lógica de que só se pipa em dias ensolarados.

Pipar com classe e com estilo exige planejamento para a elaboração de uma ação presente, que é a construção da pipa e para uma ação futura que é pô-la no ar, entendendo o futuro como qualquer segundo depois do agora, até o infinito de nossas existências ou enquanto vida tivermos. Essa necessidade organizativa só existe para quem já tomou a decisão de pipar, fazendo planos no presente em busca do melhor futuro que vier e criando perspectivas para que essa gostosa brincadeira possa ter o melhor resultado possível, sempre tendo em mente o respeito e o carinho por quem estiver junto pipando e o amor incondicional pelo ato de pipar.

A decisão de escrever mais uma vez sobre esse tema veio pelo simples fato das pipas continuarem no ar, desafiando as adversidades e as histórias mal ou bem resolvidas de quem pipa. Algo que exige atenção, carinho e muita dedicação para mantê-las sempre lá, sobretudo paciência, pois se o vento estiver contra não há como fazer subir uma pipa ou fazê-la permanecer no ar.

Diante do exposto, vem uma importante pergunta: o que é pipar? Ao buscar uma resposta sensata, estaremos indo de encontro ao mundo físico onde pipa, linha e carretel formam os ingredientes necessários, porém junte-se a isso o prazer, os desafios constantes, a imaginação que voa junto e os desejos de realizações contidos quando se pipa. Pipar é arte, é fantasia, é uma doce brincadeira, é ação concreta e junto com isso a busca incontida de que tudo seja como um dia viemos a sonhar.

Uma séria brincadeira que nos leva em imaginação muito mais longe do que nossas limitações alcançam e impõem. Pipar não é apenas o evento de soltar pipas, mas um conjunto de fatores que nos levam ao exercício de pipar, onde um amplo conhecimento do ambiente se torna essencial.

Pipar para algumas pessoas é apenas um eterno passatempo, ou mais uma brincadeira em busca de prazer, mas pensando bem, pipar exige de cada pessoa que nela esteja envolvida, atenção, carinho, apego, coragem pelos desafios, determinação em busca de seus objetivos e principalmente saber onde se quer chegar pipando. Pipar não é competição de ganha ou perde, mas um ato de pura beleza e leveza, onde quem estiver envolvido sacie sua vontade, mas esteja preparado para o próximo ato.

Tem vezes que o vento não ajuda ou chega uma ventania indesejada. Em outras as rabiolas embolam e ainda em outras chega alguém e leva nossa pipa embora. Porém, quando menos se espera algo de extraordinário acontece. Parece até que a natureza conspira para que tudo ocorra em perfeita sintonia entre quem quer pipar, o ar, o sol e principalmente o firmamento que dá um colorido especial com as pipas, lado a lado riscando o céu.

Lembro-me bem que já fazia muito tempo que eu não pipava e num daqueles dias de pura distração dei de cara com uma linda pipa que caiu ao meu lado e não tive dúvidas em levar aquela joia rara para o meu universo. Alguns ventos e ventanias após, uma noite estrelada e um longo sonho, tomei a decisão de que na manhã seguinte, caso estivesse sol, eu após anos, voltaria a pipar. E assim foi...

O que mantém as pipas no ar é a magia do momento. É um clima bom e um vento favorável. É o amor pelo ato de pipar, além da disposição e vontade de quem pipa, de querer continuar com essa gostosa brincadeira, pulando os obstáculos, vencendo os desafios e enfrentando as adversidades que possam ocorrer, principalmente a partir da crença de que o melhor clima e horizonte para as pipas continuarem no ar, ainda estão por vir.

Que a minha vontade de pipar nunca cesse, pois ela é a certeza de que existe dentro de mim um coração que pulsa acelerado só de lembrar que sempre é tempo de uma gostosa brincadeira que nos faça lembrar que a vida segue e que podemos aproveitá-la brincando só pelo prazer de viver.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

domingo, 16 de junho de 2019

A verdade existe? De que verdade estamos falando?


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A existência de um espaço livre para minhas andanças filosóficas e existenciais, se tornou ao longo do tempo um refúgio, um encontro, uma busca e principalmente um voar com as asas da liberdade para escrever o que gosto. Escrever um texto é como esculpir uma figura humana num rochedo. Vamos encontrando seu formato e sua feição durante o processo de criação. Um texto só faz sentido se for capaz de envolver os sonhos e as fantasias de quem lê e ganhar esse leitor ou leitora para os próximos capítulos.

O desafio pessoal de hoje, ao me situar no contexto da vida e na convivência com pessoas que pensam próximos ao que penso e outras tão longe da minha natureza, é divagar e abstrair sobre ao que chamamos de “verdade”, passeando por alguns de seus formatos e interpretações e buscando apoio na filosofia. Algo desafiante e complexo.

Há pouco tempo participei como convidado de uma oficina num grupo filosófico de São Bernardo do Campo, onde o tema principal era a discussão do Livro: “A Morte da Verdade”, da escritora norte-americana (de origem japonesa) Michiko Kakutani, jornalista e escritora, crítica de literatura do “New York Times” por longo tempo.

Em regras gerais, o livro traz as diversas inquietações sobre a vitória de Donald Trump, como foi arquitetada essa vitória e os bastidores da política americana da atualidade. Algo que sai do espectro da democracia e caminha a passos largos rumo ao fascismo. Vale ressaltar que estamos falando de alguém integrada ao sistema, porém incomodada com todas as alterações que a vitória de Trump proporcionou para a visão de democracia que tem, principalmente da democracia representativa, onde Trump não lhe representa.

De fato é um assunto pra lá de inquietante, pois segundo a autora, existe um universo novo repleto de teoria da conspiração, mudanças culturais preocupantes que intervém no mundo científico e caminham pelo mundo acadêmico, destruindo os avanços em prol da humanidade e cada vez mais fortalecendo o mundo material (a serviço do império).

Não por acaso, vivemos essa dura realidade aqui também no Brasil. A eleição do presidente atual foi moldada com os mesmos ingredientes que a de Trump. Uma indústria do que se chama de fake news invadiu tanto a eleição de lá como a de cá. O objetivo principal de ambos, lembrando que se aproximam muito um do outro em termos de visão de mundo, a meu ver, era dizer que a verdade morreu e uma nova verdade estava nascendo com um tom verde-amarelo e um pato laranja comandando o espetáculo.

Perante a filosofia, verdade se estabelece a partir de um conjunto de valores, advindos das nossas crenças, vivências e princípios e passando necessariamente pelo universo ético e moral de uma sociedade, a partir das diversas visões de verdade que cada indivíduo vai encontrando e construindo. Somado a tudo isso, a ideologia vai formando o percurso das nossas caminhadas a partir das nossas verdades, com quem vamos e o que pretendemos como resultado final em termos de qualidade de vida. Além disso, a incômoda verdade tida como oficial, que transita governos afora e vai criando um caldo de cultura, sem nenhuma consistência política por falta de entendimento da maioria do povo.

Enquanto o relativismo moral traz a visão e os conceitos da verdade de determinado grupo social, que a meu ver foi o grande embate nas últimas eleições, o dogmatismo tem a pretensão de mostrar a verdade como algo absoluto, embora seja pra lá de complexo entrar nessa discussão, pois se partirmos, por exemplo, das religiões, que cada um ou uma tem a sua, voltamos novamente ao relativismo moral, a partir das influências dos diversos grupos religiosos, que foi a tônica principal nas últimas eleições por aqui.

Ao buscar o conceito de verdade em alguns pensadores, nos deparamos com uma grande diversidade de interpretações e teses sobre o assunto, da afirmação à negação. Longe de querer me enveredar sobre as diversas linhas filosóficas sobre o assunto, mas apenas de trazer algumas impressões como apoio geral ao texto.

Para Platão a verdade precisa sempre ser buscada, pelo fato de não ser algo concreto e muito menos palpável. Segundo ele aplicava-se primeiro ao objeto, ou ao sujeito e depois ao que se propunha a ser.

Enquanto para Sartre (Jean Paul Sartre – 1905-1980), a verdade está na essência do indivíduo, pois é resultado dos valores de uma sociedade, Nietzsche (Friedrich – 1844 – 1900), ao fazer duras críticas ao pensamento clássico, afirma que a verdade não existe.

Por outro lado, Foucault (Michel Foucault – 1926-1984) afirmava que para algo seja considerado como verdade, necessita ser livre, sem vínculo a uma institucionalização, caso contrário será manipulado e gerará constrangimentos e formas de comportamentos.

Pondo um pouco mais de lenha na fogueira do que estamos discutindo, uma pergunta que não quer calar: O amor é uma verdade absoluta? Caso seja, como podemos conceituar se esse amor não for correspondido? Continua sendo?

Uma das coisas que me fez ter vontade de escrever sobre um assunto tão complexo, foi imaginar como lidamos com as nossas verdades. Até que ponto não tentamos impô-la diante das nossas contradições? Como enfrentamos a verdade alheia, muitas vezes fantasiada de conhecimentos, mas que em muitos casos não passa de pura arrogância?

Apenas como reflexão, quero crer que se as nossas verdades estiverem repletas de sonhos, de vontades infinitas de servir e ter a solidariedade como ideologia maior, versamos sobre a verdade a partir de um universo plural, defendendo que os de baixo tenham vez e o enfrentando os de cima, todas as vezes que se apoiarem na base da pirâmide para tirarem proveito. Essa é a verdade de quem busca o bem comum.

Que minha verdade possa soar na vida de quem eu quero bem apenas como algo a ser pensado e não imposto e que ao longo da caminhada possa vir a se tornar uma só verdade e quem sabe ao praticá-la, possamos juntos considerá-la uma verdade absoluta.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


terça-feira, 4 de junho de 2019

O silêncio é um vazio ou um refúgio?


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O ato de escrever para mim nos dias de hoje representa um pulsar das minhas inquietações, uma viagem ao universo da minha existência e minha melhor terapia. Um diálogo com meu outro eu, que de vez enquanto sentamos para conversar.

Por várias razões particulares fiquei alguns dias ausente do Blog e nesse retorno, com base em algumas inquietudes e depois de conversar com algumas pessoas sobre o assunto, resolvi escrever sobre o silêncio e seus efeitos, principalmente pelo fato da maioria das pessoas lidarem tão bem com ele e eu normalmente me sentir sempre incomodado.

Como definir o silencio? De que silêncio estamos falando? O silêncio é um vazio interior que acaba escoando para a vida ou um refúgio em busca de reflexão?

Como um ser incompleto, já citei em outros textos, que não gosto de dias nublados e carrancudos, do barulho incômodo do silêncio e tampouco da escuridão. São ambientes e sensações que me fazem retroagir ao invés de avançar. Nasci para a lida e para viver a vida, mesmo com encontros e desencontros, mas não para a solidão e todos eles me fazem pensar em momentos solitários.

Qurm sabe o incômodo da escuridão esteja ligada às diversas formas de medo que vivi em minha infância e o do silêncio a tudo que não consegui conquistar até o momento em minha vida...

Do ponto de vista das relações humanas, creio que o convívio com o silêncio esteja ligado a personalidade de cada pessoa, pois ao mesmo tempo que para algumas pessoas representa apenas um refúgio  para se recompor, como algo até romântico, para outras pode significar uma ação ou reação, uma forma punitiva por alguma razão ou mesmo não ter interesse de ampliar a relação com outra pessoa. Nesse caso o silêncio fere.

Pessoalmente encaro o silencio sob dois pontos de vista. Primeiro que quando não me sinto confortável ou à vontade, ou ainda acuado em determinadas situações, minha primeira reação é entrar em profundo silêncio em busca de como agir e a segunda é ficar incomodadíssimo quando sinto que o silêncio é uma resposta ou uma punição à minha forma de pensar e agir. Nesse caso ajo e reajo por me sentir sujeito da ação silenciosa.

No geral o silêncio vai muito além da ausência de palavras, podendo significar um sim ou um não, uma indiferença ou um cuidado para não machucar. Em alguns momentos arrogância e em outros humildade no trato com a adversidade.

Em outras situações o silêncio pode significar ódio ou amor. Sentimentos tão próximos e parentes do carinho e do desprezo, onde uma luta permanente interior acaba revelando quem somos, com quem convivemos e o que estamos construindo para o futuro.

Seja o que for, o silêncio acaba sendo o texto e o contexto de um enredo, que se bem trabalhado poderia representar o antídoto para as divagações que a vida nos oferece, mas em geral se transforma numa fuga do que poderia ser.

Em regras gerais, o silêncio pode ser tudo que quisermos que ele seja. Saudade, remorso, reflexão, punição, fuga, ou um momento de andar pela nossa existência em busca de entender com quem convivemos. Enfim, o silêncio expressa o que a mente busca e o coração sente, assim como pode ser uma reação das nossas relações mal resolvidas ou daquelas que precisamos calar para entender o que o futuro nos oferece.

Silencie quando necessário, mas nunca use o silencio como uma arma para afetar a consciência alheia, pois nunca se sabe o que pode ocorrer, quando o sol se por e chegar o raiar de um novo dia.


Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

terça-feira, 23 de abril de 2019

Qual utopia nos move?


" Nada do que foi será,  de novo do jeito que já foi um dia... " (Lulu Santos)

Partindo dessa premissa, faz-se necessário tecer breve comentário sobre qual modelo de política nos forjamos e nos propomos pactualmente a fazer, pois  o que nos moveu utopicamente outrora, já não  move muitos dos nossos nessa plataforma ideologicamente falando. Nota-se que outros caminhos, outros atalhos fizeram com que no limiar desse percurso, pudesse rever conceitos, preceitos e práticas motrizes que nos abduziam a pensar uma sociedade mais igual e mais decente.

Tudo isso, aqui mencionado, advém de um imbricamento de projeto de vida da boa política, a qual fomos protagonistas. Todavia, esse caminhar por atalhos pedregosos, espinhosos e rasos, levou nossos sonhos a deslocar- se da sedimentação "massapenta" para um terreno baldio, onde nossos passos, já não dão a mesma liga que nos sustentou e nos manteve de pé.

Sendo assim, caberia um olhar nosso mais acurado de maneira que pudéssemos rever nossa trajetória e com isso, repensar a liga que constrói pontes ao invés de muralhas!?
É tempo e há tempo de dar tempo ao tempo e de sabiamente reconectarmos com o chão que brotamos para que assim, seja possível reolhar o horizonte que nos espera.
Por fim, "Não temos nada de novo, o que temos de novo, é o jeito de caminhar."  (Thiago de Melo)

*Jivaldo Oliveira é Professor da Rede Municipal

Coordenador Pedagógico da Rede Estadual
e Especialista em Educação/Gestão Escolar.


sábado, 6 de abril de 2019

Eu estava lá e também chorei junto com milhares de pessoas...


Foto de Francisco Proner Ramos

Amanhã completa um ano da prisão de Luís Inácio Lula da Silva. O brasileiro mais discutido no mundo na atualidade, inclusive indicado oficialmente para o Prêmio Nobel da Paz, através de uma prisão arbitrária e questionada por centenas de juristas de várias partes do mundo, que o torna no primeiro preso político, com reconhecimento mundial, após a famigerada ditadura militar de 64, quando ele também foi preso por defender a classe trabalhadora e tivemos a felicidade de festejar junto com ele o dia da sua liberdade.

Resolvi escrever sobre esse incômodo assunto, primeiro por eu ser uma das pessoas que o acompanhou em sua trajetória de luta desde o inicio em São Bernardo do Campo e segundo pelo fato de estar lá naquele dia fatídico da sua prisão, após três dias de acampamento coletivo e uma pequena resistência mal organizada no final. Ninguém queria que ele se entregasse, mas no final foi feito o que ele decidiu, mesmo a contra gosto de centenas de pessoas que resistiram até onde puderam e vimos Lula ser conduzido pelos policiais federais rumo à Curitiba, ficando uma sensação de derrota estampada em nossos rostos.

Não é novidade para ninguém que o país está divido pelo ódio politico e Lula tem muito a ver com tudo isso, pelo simples fato de sempre ter escolhido um lado para atuar, além de ter feito os dois melhores governos que a país já viveu. Para sustentar essa onda de ódio, a politica que deveria ser discutida como uma ciência e como um instrumento que pauta e aponta para os interesses de classes no Brasil, é negada e foi abruptamente distorcida, de forma proposital para que as pessoas desinformadas a odiassem e repetissem o mantra, que todo político é ladrão e politica é uma coisa ruim. Exatamente o que o sistema e a casa-grande desejam. Um povo manso e mal informado.

O resultado de tudo isso são problemas de toda ordem que levarão décadas para se resolver, inclusive do desafio de organizar uma unidade com os setores e partidos de esquerda, que é um sonho antigo, além dos organismos que nasceram para defender os interesses dos trabalhadores, que sempre estiveram divididos. Como explicar para um trabalhador ou uma trabalhadora, leigos na política e em seus direitos, que existem oito Centrais Sindicais para defendê-los? Não deve ser uma tarefa das mais fáceis.  

A cidade de São Bernardo do Campo, onde Lula nasceu politicamente, foi palco de uma verdadeira revolução político-trabalhista no final da década de 70 e começo da década de 80, que concentrava os famosos “Metalúrgicos do ABC”, com grandes passeatas e concentrações e também muita repressão policial, principalmente após a interdição do Sindicato dos Metalúrgicos e do Estádio da Vila Euclides, hoje chamado de Primeiro de Maio, onde acontecia a maioria das assembleias.

Lembro-me bem do meu pai e eu acompanhando a maior parte das passeatas e as assembleias aos domingos, principalmente para ouvirmos os discursos daquele sindicalista que começava a fazer história e incomodar os detentores do poder econômico nacional e até internacional. Um cenário que passou a fazer parte da história de lutas dos trabalhadores no Brasil, como um dos capítulos mais decisivos para uma nova forma de política no país, após a ditadura militar.  

Porém, de tudo que vivemos no cenário das lutas desde as grandes greves, iniciada pelos metalúrgicos da Scania em 1978, até os dias de hoje, aquele sete de abril ficou marcado em nossas mentes como um dos dias mais tristes em nossas vidas. Um dia que pude observar e chorei junto com milhares de pessoas, ao nos despedir de Lula, sem saber o que ia ocorrer depois.

Jamais imaginávamos que aquele dia reservaria mais um capítulo sombrio no processo político e de luta do país, pois já se passaram doze meses e ninguém sabe avaliar ao certo qual será o resultado final de tudo isso.

Ao escrever esse texto, faço com ele a minha homenagem nessa data que não pede comemoração e sim um dia de revolta em favor a essa grande liderança popular e dizer em alto e bom tom: AQUI ESTIVE E AQUI ESTAREI PRESIDENTE, para junto com milhares de pessoas que lutam por uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas, continuar lutando também pela sua liberdade. LULA LIVRE JÁ!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

sexta-feira, 29 de março de 2019

A vida pode ser uma miragem para se apreciar ou um romance para se viver...


Uma das formas que gosto de me referir à vida, é como um eterno carrossel. Vamos girando às vezes meio sem destino e nem nos damos conta de que passamos pelo mesmo ponto da vida diversas vezes durante nossa existência. Falta-nos em muitas situações habilidade no trato com o que é essencial, em outras nos falta clareza para discernir o que nos faz bem, mas principalmente nos falta sabedoria para decifrar os inúmeros enigmas da vida. Quem sabe entender, por exemplo, que não há nada eterno, mas se for algo que nos faça vibrar de emoção, teríamos que preservar e cultivar como se a vida fosse acabar amanhã.

Há quem diga que viemos ao mundo a passeio e de fato uma grande parte da população vive exatamente dessa forma, como se estivesse apenas numa enorme aventura. As pessoas de posse econômica regando a vida com muita bebida, comidas finas e diversidades de lazer e uma grande parte da população as imitando, mesmo sem posse. Na contramão dessa história a população pobre e carente apenas sobrevivendo com enorme dificuldade.

Uma visão dos que estão no topo e no meio da pirâmide econômica e social e os que estão na linha de baixo na base da pirâmide. Enquanto uns esbanjam o que tem e outros fazem o mesmo ser nada ter para buscarem autoafirmação, a maioria do povo brasileiro luta a vida toda para se sustentar de pé. Como humanos deixamos muito a desejar, pois na maioria das situações o que prevalece é o prazer individual, quando a grande necessidade de sobrevivência digna é coletiva e aí eu pergunto qual é a sua? O que vieste fazer nessa vida?

Para uma parte da população gotas de orvalho nas caminhadas matutinas em momentos de lazer e para uma grande parte trovoada e tempestades. Justamente para aquela parte da população que ficou presa no tempo tentando se afirmar ou nada aconteceu como o planejado. O pior é que muitas dessas pessoas se culpam pelo que chamam de fracasso.

Porém, de que culpa e fracasso, estamos falando? Que mundo é esse que condena uma grande parte da população em detrimento de uma minoria abastada que esnoba competência, mesmo sem tê-la? Quanto tempo nos resta para mudar uma realidade que nos persegue? Em quem de fato podemos confiar se no fundo a luta pelo que chamam de poder confunde e iguala tudo? Por onde anda nossa esperança perdida na última tempestade, que praticamente perdemos tudo? São grandes perguntas que requerem grandes respostas, mas algumas delas jamais as teremos.

Outro dia me pus a observar a janela da vida e vi lentamente à vida passar. Olhei para trás e de repente me veio um medo enorme de não dar conta da gigantesca tarefa que me envolvi. Além disso, ouvi uma voz que me dizia: “Cuidado no futuro você vai estar só”. Busquei forças no infinito, olhei atentamente para quem me insultava e disse: “Não sabemos ao menos o que vai ocorrer conosco daqui há segundos, imagine saber o que vai acontecer num futuro distante, que é a nossa esperança de sobrevivência. Minha força vem de dentro e não a partir do que ocorre ao lado”! Por um ato de insubordinação pessoal aos diversos padrões que a vida estabelece e por teimosia constante, resolvi caminhar com quem comigo vier de coração.

Serei eu um iceberg como me disseram outro dia? Como serei lembrado quando completar minha existência? Que projeto de vida deixarei? Tem alguém que me conhece de fato? A única certeza que tenho na atualidade é a de que uma parte de mim é uma busca permanente nas ilusões abstratas da vida, mas a outra parte é pura convicção e é essa parte que produz todas as certezas que tenho e as que eu venha a ter.

Que sempre eu permaneça alinhado junto às pessoas que sonham e lutam por uma vida digna para a humanidade excluída do sistema e principalmente junto daquelas que jamais esconderão um sorriso sincero de prazer quando vir os morros descendo ao asfalto para retomarem o que lhes foram tirados à força pelas pessoas que ocupam a parte de cima da pirâmide. Eu estarei lá!

Sou o que a minha imaginação quiser e o que os meus sonhos alcançar. Sou luta. Sou vida. Sou certeza, mas também interrogação. Para alguém posso ser amor e para outras pessoas posso ser solidão. O canto que entoou hoje vem do meu ego ferido, mas também das promessas de novos momentos que apontam para o por do sol.

Sou a loucura que vaga nas mentes sonhadoras dos loucos e das loucas que sonham em conquistar o Olimpo e socializá-lo com quem estiver caminhando lado a lado conosco e de mãos dadas. Vem conosco!
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

quarta-feira, 20 de março de 2019

A crença nos leva onde a nossa mente permitir...

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Não gosto de dias e noites nublados, tampouco de escuridão. Sinto-me perdido quando isso ocorre. Uma sensação de solidão me vem à cabeça e atinge também o coração. Creio que isso ocorra porque minhas imperfeições impedem que minha luz própria dê conta sozinha de tantas jornadas de forma permanente. Ela se acende normalmente quando meu coração está em paz e se apaga a cada vez que uma tristeza faz questão de dar o ar da graça. 

Descobri na caminhada de vida que sou filho do sol, amante das estrelas e enamorado por uma lua que insiste em se esconder. Para que meu astral esteja completo, preciso de um dia de sol radiante e um céu de brigadeiro que me ofereça suas constelações e a lua resolva brilhar na imensidão.

Quando estou em introspecção e sinto que necessito de mudanças, por um instante paro tudo o que estou fazendo e me volto à crença de que não há lógica que me faça desacreditar que tudo vai dar certo e recorro ao infinito da minha existência em busca do que ainda não encontrei totalmente.

Já concentrado, sigo passos que caminham à minha frente, mesmo sem saber ainda quem me conduz e para onde me leva, mas sinto que são passos leves e suaves que me convidam à abundância plena da minha vida e sigo sem questionar. Lentamente me deixo envolver e de repente sinto que estou totalmente envolvido.

Fecho os olhos e procuro tirar tudo o que me incomoda da minha mente. Como se estivesse renascendo para uma nova vida ou retomando parte dela que ficou pelos caminhos. Deixo-me deslizar por verdes planícies, onde eu possa sentir o toque da vegetação, o cheiro das flores encontradas e sinta o frescor de uma brisa que me dá boas vindas ao mundo de todas as possibilidades. Nesse momento é como se estivesse saindo do mundo físico e me permitindo que as diversas forças do bem ajam sobre o meu ser.

Ensaio uma canção só cantarolando para que eu não perca a concentração e vou me deixando conduzir. Sinto que alguém me chama, embora não consiga decifrar ainda suas palavras e nem ver, mas resolvo continuar e crer na confiança de seus passos e dos porquês de eu ter aceitado essa viagem.

Permito-me a tudo que eu possa encontrar no caminho, mas sei que tudo que eu encontrar fará parte de uma nova história da minha vida, que está apenas começando. Logo de início encontro pássaros que parecem flutuar me seguindo para que eu não me sinta só. Um deles paira no ar bem à minha frente e eu claramente vejo uma beleza infinita de um detalhe da natureza que só enxerga quem se permite enxergar. De repente me sinto totalmente envolvido por uma força estranha que me puxa para frente, como se me dissesse que o melhor eu ainda não experimentei e está logo à frente.

Apesar da longa caminhada já não me sinto cansado e nem só. Sinto-me apto para seguir mundo afora. Lentamente vou abrindo os olhos e movido por um novo olhar, vou acreditando que tudo se transforma, que tudo nasce e morre, mas o que fica, caso seja bem vivido, é o suficiente para acreditarmos que algo maravilhoso aconteceu e está acontecendo e simplesmente sigo em frente sem olhar para trás, com a esperança de que em breve tudo será diferente e seremos personagens principais de uma nova história que nos propomos a construir. Algo como se representasse a evolução de cada um de nós.

Hoje, após um longo dia de reflexão, descobri meditando que o que eu precisava para completar o ciclo da minha existência com a abundância necessária para ser feliz, está aqui dentro de mim e que eu posso convidar alguém para caminhar comigo ao futuro da minha existência, desde que seja algo que se produza a quatro mãos, duas cabeças e dois corações.

Viver é isso. Sofrer às vezes, pelo revezes da vida, chorar quando a saudade transbordar do coração, mas se permitir sorrir sempre quando a vida abrir caminhos para dias ensolarados e noites estreladas, porque é exatamente nesses dias e nessas noites que o que acontecer conosco ficará marcado para sempre no DNA da nossa existência.

Que venha o dia de amanhã trazendo com ele o sol, estrelas e uma bela lua a iluminar o meu caminho e a minha vida até onde o futuro permitir.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

domingo, 17 de março de 2019

Os pingos do passado nos convidando para um banho de chuva...

Meu propósito nos dias de hoje é escrever coisas leves, apesar do momento político, econômico e social do país não estar para brincadeiras, pois o país está tomado por zumbis neoliberais e fascistas, os direitos de cem anos de lutas sequestrados e o que é pior, com o aval de grande parte da população pobre. Minha contraposição a isso tem sido lutar com as armas e os sonhos que tenho, porém com a certeza de serem bem diferentes, das usadas na chacina de Suzano, executada por adoradores do Zumbi Maior. 

De que somos feitos? Como construímos nossos sentimentos? Como lidar com a saudade? É possível dialogarmos com as nossas incertezas?

Acredito sermos compostos, além da matéria, por atos e fatos, por momentos e sentimentos, mas principalmente por lembranças e saudades que nos fortalecem para a vida e fazem parte das nossas histórias. Resolvi tornar a saudade como o objeto principal do tema desse post, mirando num certo saudosismo necessário, mas com o propósito e o desafio de tocar os corações dos leitores e das leitoras que me acompanham no blog.

Quer saber o tamanho de uma saudade? Basta fechar os olhos e sentir o que ela provoca em seu coração. Uma sensação inexplicável começa a invadi-lo e de repente estamos há horas, dias, meses e até anos do cenário que a produziu. De saudade em saudade compomos a melodia da nossa existência e produzimos os sentimentos que nos fazem caminhar rumo à felicidade. Tem muitos momentos em nossas vidas que a saudade é a única companheira.

E por falar em saudade, que tal um banho de chuva, com direito ao cheiro de terra molhada? Tive o privilégio de viver várias vezes essa cena no meu passado e hoje de vez enquanto, volto lá no local daquela casinha, que hoje só restam os escombros e a visito em pensamentos, principalmente em dias nublados. Parte de mim ainda permanece lá, quem sabe sentado naquela pedra que ficava atrás de casa, onde distraído brinquei tantas vezes.

Era uma casinha simples, localizada na parte alta do sitio onde morava a família toda, pintada de branco, com um vasto quintal de terra e um jardim sempre florido e bem cuidado pela minha mãe, onde os beija-flores faziam a festa e quando chovia um cheiro de terra molhada invadia a casa. Um fogão à lenha e o trivial para se viver de forma modesta. Nossos banhos de chuva no quintal sempre terminavam com muitas brincadeiras. Esse é um daqueles momentos que faço questão de nunca esquecer e que me fazem entender que é na simplicidade que as melhores emoções se nutrem.

Morava eu, minha mãe, minha vó Isabel, que guardo as lembranças dos mimos que fazia para nos agradar e minha irmã, que ainda era um bebê e sem a presença do meu pai com suas idas e vindas para São Paulo, em busca de recursos financeiros. Não havia luz elétrica e nas noites eu e meu primo João brincávamos com as sombras produzidas pelos candeeiros, que sempre nos confundiam e ora usávamos elas pra brincar e ora tínhamos medo. Nessa época eu ainda não tinha descoberto como era tão bom brincar de pipas...

Certa vez quando criança caminhava só por uma estradinha que ligava a casa à vargem onde os bichos ficavam e onde estavam nossas cabras. Apesar de toda família morar em casas próximas uma das outras, era um completo silêncio, que chegava a dar medo pela vegetação fechada. Naquele momento a minha dúvida era saber se o meu pai, que tinha nos deixado para vir trabalhar em São Paulo, voltaria para nos buscar. Lembro que eu estava triste pela dúvida e chamava-o num lugar da estradinha que tinha eco, só para eu ouvir o retorno da minha voz, como uma busca de reafirmação ou mesmo de companhia.

Porque contar uma parte da minha história para vocês? Porque sei que como eu, milhares de pessoas deixaram parte de suas vidas para trás e se aventuraram em busca de uma vida melhor e hoje muitos ainda sofrem por isso, como meu pai, por exemplo, que quando partir dessa vida levará com ele a vontade de ter dado certo por aqui, mas com o direito de ter voltado para sua terra natal e isso jamais aconteceu.

Que os pingos do passado possam sempre refrescar as nossas mentes em busca de nossas origens, pois consiste numa parte fundamental na composição de nossas identidades, assim como nos encorajem para dialogar sempre com as nossas incertezas, que as vezes querem tomar nosso ser por completo.

Quando eu era criança sonhava com os brinquedos que via com as outras crianças e morria de inveja por não poder tê-los. Quando cresci descobri que para que toda criança possa ter determinados brinquedos, mesmo que sejam simples, precisamos antes mudar a sociedade.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social

domingo, 10 de março de 2019

Momentos que eu quero... Momentos que não quero!


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Uma cantiga ao dormir. Um mimo inesperado. Uma mão que afaga e um sorriso para afastar as tristezas. Momentos bons são isso! Algo que nutre os pensamentos e abre caminho para o coração. Só tolos não entendem. Todo inverso será enfrentado e combatido, em nome do futuro que ainda virá.

Foi-me sugerido e eu aceitei, escrever sobre um tema bem complexo. Sobre “momentos” da vida. Porém, falar do “momento”, de “momento” ou de um “momento”, que podem revelar situações e resultados bem diferentes, requer a meu ver, sutileza, concentração e principalmente sabedoria, no sentido de saber interpretá-los e tirar deles o melhor proveito possível, seja em que situação for.

Meu proposito nessa conversa é falar de bons momentos. Algo que nos fortalece para os enfrentamentos aos maus momentos, que às vezes a vida nos põe frente a frente. Já aconteceu com você do momento ser tão bom ou tão ruim que não se sabe nem por onde começar vivê-lo ou enfrentá-lo?

Como definir um momento? Que duração pode ter? Os momentos são frutos do destino ou do acaso? Dá para planejar ou se preparar para determinados momentos? É possível corrigir algo ocorrido num momento de infelicidade ou de pura bobeira? Podemos ter várias possíveis respostas ou interpretações e no meio disso tudo algumas dúvidas se digladiando com as certezas.

Momentos para mim são fragmentos da vida vividos em seu percurso. Vão acontecendo e todos acabam sendo marcantes em sua dimensão, seja de dor ou de alegria, de felicidade ou de tristeza, ou ainda simplesmente momentos.

Acostumamo-nos afirmar que a vida é feita de momentos. Creio que de fato seja. Porém, ao assumirmos como verdade, que bom seria se pudéssemos sempre nos preparar para todos os momentos que a vida nos oferece.

Alguns momentos pedem preparação e até planejamento, outros simplesmente acontecem. Vale lembrar que um momento pode ocorrer numa fração de segundo, mas seus efeitos podem durar por uma eternidade ou ainda ser o início de uma longa caminhada só ou em companhia de alguém que pode ter surgido do destino ou de um acaso metido a destino. Só o tempo para dizer!

Muitas coisas na vida são possíveis consertar ou corrigir. Basta para isso, ter uma oportunidade, humildade para reconhecer o erro e o aceite da outra parte.

Perguntaram-me: “Como está sua cabeça no momento”? Respondi que ela está onde o meu coração estiver. Uma complexa resposta, pois ao mesmo tempo em que pode revelar uma bela ilusão de ótica, pode também determinar uma trajetória futuro afora, desde que ninguém solte a mão de ninguém.

Nesse momento, estão em minha mente os ótimos momentos vividos nesse carnaval, marcados principalmente por um desfile inusitado numa escola de samba, que alguém de bom gosto na vida me proporcionou. Algo muito distante da minha realidade do dia a dia, porém de minha inclusão num mundo mágico do faz-de-conta para algumas pessoas ou de organização e participação para tantas outras. Foram momentos inesquecíveis e quem sabe a partir deles, outros bons momentos surgirão. Basta acreditar e fazer acontecer!

Vejam que interessante! O termo “momento” ou “momentos”, nesse caso, me permite transitar nos três tempos: passado, presente e futuro, sem a preocupação ou a necessidade de uma definição mais precisa do que foi, do que é e do que poderá ser. Apenas uma breve alusão para marcar o tempo em sua trajetória e guardar na mente o que vai ficar para sempre.

Momentos podem também fazer parte de um mundo irreal, pois existe um vácuo entre o mundo real e o imaginário que desenhamos em nossas mentes. No mundo real temos o que temos, no imaginário temos o que queríamos ter. Sou quem eu sou no mundo real, mas no imaginário posso ser quem eu quiser. Isso, loucura à parte, determina vários desafios na arte de viver. Podemos estar a cada momento num lugar ou num estágio de vida a se desenhar, basta para isso dar linha às pipas e guiá-las pelo horizonte afora rumo à imensidão.

Que nunca cessem para nós os bons momentos que afloram vida afora e normalmente eles ocorrem a partir da expectativa de que vida queremos ter. Falo daqueles momentos que mesmo a tempestade sendo intensa e temerosa, possa nos brindar em seu final com um belo arco-íris que nos inspire a imaginar, que o melhor de nossas vidas ainda está por vir. 

Se amar pode se revelar num momento e a paixão pode ser vários momentos ao mesmo tempo, o encontro pode ser um momento decisivo para se traçar, seja por qual emoção for, um roteiro para os dias vindouros. Para que isso ocorra, requer-se: vontade, determinação, cumplicidade, reciprocidade e compreensão para valorizar o que já valeu, com a certeza de que muito valerá.  
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

O que acontecerá quando o sol se por e a lua não der o ar da graça?

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Imagem disponível em: http://vivereumaconquista777.blogspot.com/2011/03/deserto-oasis.html

Hoje não falarei de bolo, nem de cereja, tampouco de futuro, apenas vou falar de vida e do que busco nela na atualidade.

Sou filho do sol. Não gosto de dias nublados, de fortes tempestades e muito menos de escuridão. Gosto de luz, de vida e de calmaria. Gosto de carinho e de acarinhar. Gosto, sobretudo do mundo da imaginação, pois esse eu posso moldar do jeito que quiser e meu coração aguentar. Além disso, gosto também de quem vai decifrando minha linguagem e de quem se disponha a cantar comigo no sol, na chuva ou mesmo numa noite sem luar.

Como descrevi no post anterior, estou em viagem ao centro da minha existência, por pura necessidade de rebuscar meu presente e não ter medo de desenhar meu futuro, até porque ele começa daqui a milésimos de segundos e se eu nada fizer de diferente, nada de diferente ocorrerá.

Após a leitura de uma breve análise sobre a numeração que vi, resolvi seguir na direção do vento e após horas de viagem, me imaginei numa cidadezinha de interior com uma pequena população. Casas simples de um lado e bem moldadas do outro. Uma divisão insana que separam ricos de pobres.  Ao alto um visual de tirar o fôlego. Uma serra verde que contorna uma parte da cidade, com algumas montanhas, onde todas as manhãs uma forte serração encobre seu ponto mais alto. No lado oposto um estreito caminho que leva ao primeiro vilarejo. Resolvi pegar essa vereda e viver cada segundo em seu percurso.

Vou caminhando lentamente a pé, sozinho, e enquanto caminho, meus olhos não se cansam de apreciar a variedade da vegetação local e quantidade de flores espalhadas por ela, compondo um colorido de verdes de todos os tons e cores variadas das flores que dão um toque final.

De repente me veio à mente o que uma pessoa amiga certa vez me falou: “Toni seu problema é que você tem expectativas demais com as pessoas”. No momento que ouvi questionei de imediato dizendo que não, apenas eu acreditava nas pessoas e ia me doando sem olhar para trás, mas caminhando e pensando cheguei à conclusão de que seu alerta pode fazer muito sentido. Em algumas situações é pura realidade.

Não aprendi a dizer não. Não sei desprezar ninguém. Não sei tirar proveito de nenhuma situação. Vou simplesmente me despindo das minhas vaidades e tentando de forma humilde agradar as pessoas que caminham ao meu lado e isso me faz achar que elas estão na mesma sintonia que eu, ou ainda que venham ao meu encontro quando necessito apenas pelo fato de eu existir.

Continuando a viagem, começo a enxergar um vilarejo. Vou andando em sua direção. É final de tarde. Não conheço ninguém. De repente me bate um medo pelo desconhecido e aí me vem à mente, o que procuro? Onde encontrar?

Lembro-me que decidi que nessa viagem meu único objetivo de busca é saber se o que enxergo é verdade ou é fruto da minha imaginação, ou ainda se é uma miragem como aquelas dos filmes de quem anda no deserto e de repente imagina estar diante de um oásis. Pois, se verdade for, verdade se tornará e se for uma miragem logo a poeira do deserto me trará de volta à realidade. O importante é saber que estou em busca de algo que venha saciar minha sede e que eu sinta vontade de viver muito mais.

Ao chegar ao vilarejo, de fato estou com sede e com certo cansaço e sinto uma vontade imensa de encontrar alguém que me ponha porta adentro, me ofereça um café e quem sabe uma cama onde eu possa repousar. Porém, o que me conforta mesmo nesse momento talvez seja um copo d’água bem fresquinho, um sorriso franco de bem vindo e um pouquinho de carinho que ninguém é de ferro. Vou por intuição. Escolho uma casa simples, só para lembrar-me das minhas origens e buscar identificação. Ao bater à porta sou recebido por alguém com um sorriso lindo, que me diz: “Sou um anjo que vim para lhe recepcionar e caminhar com você. Pode entrar que a casa é sua...”.

Antes que eu pudesse esboçar qualquer reação, o telefone toca ao despertar para mais um dia de muitas atividades e eu simplesmente acordo totalmente confuso. Levantei intrigado e fiquei o dia todo a me perguntar se tudo aquilo que vivi e esse encontro inesperado com um anjo foram sonhos ou realidades que ainda irei viver? Só o tempo dirá. Poderei dormir novamente e continuar o sonho ou sonhar acordado para lembrar que a vida é bela e viverei a cena.

Há quem ache que anjos não existem, ou ainda que viagens mentais a nada levam. Prefiro acreditar que todas as respostas que procuramos estão dentro de nós e o nosso maior desafio é fazer com que as pessoas que caminham conosco encontrem em nós uma parte do que também procuram.

Quem me dera ser a luz e ser a lua para iluminar os caminhos de quem por acaso me descobrir.

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Metade de mim é certeza e a outra metade é procura...

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Hoje, depois de uma manhã não convencional, resolvi embarcar no trem da vida para mais uma viagem mental, em busca de algumas respostas que meu momento exige e meu futuro espera. Embarquei no trem cantando cantigas de ninar e ouvindo no meu inconsciente alguém que cantou só pra me agradar.

O que de mais importante gostaria de encontrar nessa viagem? Apenas um assento confortável para uma longa viagem, caso seja necessário. Algo que me traga a brisa leve das tardes ensolaradas, o leve sereno de uma noite estrelada e de luar e alguém que me diga que valeu e valerá a pena ter me convidado para ouvir o som do amanhã e que lutará para que esse momento nunca morra.

Do ponto de vista da minha existência, há muito tempo vivo a me perguntar, quem eu sou? O que represento para as pessoas que me rodeiam? Como elas me enxergam e como eu as enxergo? Tem horas que viajo nas asas do vento e descubro facilmente, porém em outras, me deparo com uma tempestade e não consigo enxergar facilmente o caminho de volta e aí a caminhada fica mais longa.

Como sexagenário assumido, vivo na atualidade algumas contradições. Há quem me ache mais novo do que a idade que tenho e nesse caso me sinto feliz e disposto a caminhar, mas há quem aposte que já sou um velho, tanto em ideias como principalmente em ações. Uma relação tão complexa, que se não for bem trabalhada e resolvida, poderá desaguar em mares nunca dantes navegados. Acredito que eu sou na verdade duas pessoas ao mesmo tempo, onde uma delas conforta meu ego e assume sua identidade e a outra contesta todas as formas de discriminação.

De forma radical, vou gritando ao mundo para mostrar que sou quem eu sou. Considero-me velho na idade, jovem na forma de pensar e meia idade nos meus relacionamentos. Construí minha forma de ser lutando pelo que acredito, amando a vida e as pessoas independente da idade delas e buscando o que cada uma tem de melhor a oferecer, pois cada um de nós carrega dentro de si, infinitos defeitos e infinitas qualidades, depende muito com que olhos nos enxergam, como enxergamos as pessoas com quem convivemos e principalmente o que buscamos em cada uma delas.   

O que procuro afinal numa viagem mental como essa? Procuro coisas tão simples que até eu custo a acreditar, pois de tão simples talvez nem mesmo existam e as pessoas não acreditem, mas minha crença e a vontade de que o amanhã seja diferente, me faz seguir em frente em busca de dias melhores e de momentos felizes.

Procuro alguns fragmentos do meu dia a dia que estão espalhados pela vida afora e preciso juntá-los, antes que a vida leve. Procuro junto com eles completar o quebra cabeça que a minha vida se tornou.

Procuro um ser que sonhe comigo por um mundo melhor e que possamos lutar juntos, pondo nossas vidas em risco, se necessário for, na construção de uma nova sociedade, justa, fraterna e igual para todos e todas.  

Procuro na imensidão da vida uma folha em branco onde eu possa escrever o meu passado e meu presente e até mesmo possa desenhar como enxergo meu futuro e alguém que me diga bem baixinho que meu futuro já começou.

Procuro um muro limpo para que eu possa desenhar o símbolo da paz, em frente a ele pessoas descontraídas cantando enquanto pinto e do outro lado alguém que me dê à mão e me diga que após o término da minha tarefa, irá comigo, do jeito que eu sou, ver o por do sol por trás daquele monte, só pelo prazer de comigo estar.

Procuro por fim um jardim colorido, onde um beija flor possa pousar e eu aprenda com ele como extrair o néctar da mais bela flor.

Minha primeira parada da viagem foi às 17:17 e estava num bosque que costumo sempre ir quando estou indo ou voltando de onde trabalho. Cada vez que os números se apresentam dessa forma, eu procuro uma definição.

Essa combinação que me veio aos olhos, tem muitos significados para se aprender. Num deles diz: “O Anjo Número 1717 também sugere que você se torne responsável por sua vida e pela manifestação dos desejos do seu coração. É sua opinião que dita à natureza de sua realidade – crença e pensamentos unidos. Sua vida muda à medida que você muda suas crenças internas. Seus pensamentos e ações se adequam às suas verdades e valores pessoais. Você é muito elogiado pelos seus esforços! Continue trilhando seu caminho com Fé e alegria”.

Depois que li todos os significados dessa numeração, descobri que só por ter lido essa mensagem, que me fez muito bem, a viagem iniciada hoje de manhã já valeu muito a pena.

Que todos os meus “eus” existentes dentro de mim, comunguem com a ideia de que o melhor ainda está por vir e que eu consiga passar para quem me interessa a mensagem da Clarice Lispector: “Decifra-me, mas não me conclua, eu posso te surpreender”.

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social