Fonte da Imagem: http://sublimeperfumes.blogspot.com.br
Quando olho para trás e vejo os
anos passarem, só me dou conta disso quando olho no espelho e vejo as marcas do
tempo, pois estou tão envolvido com a vida que nem dá tempo de ver o tempo
passar. Sinto um orgulho danado de ter feito parte daquela turma de
trabalhadores que desciam a Via Anchieta em São Bernardo do Campo ou ainda que
se encontravam em frente à Bratemp para descer em passeata até o Paço
Municipal. É como um filme, onde de alguma forma fazemos parte, não só do
enredo, mas principalmente do elenco.
Naquele momento, jamais imaginaríamos
que trinta e três anos depois, o Partido que ajudamos a criar governaria o
país, centenas de cidades e alguns estados. O Partido criado com base nas lutas
populares, na Teologia da Libertação e principalmente na luta dos trabalhadores
cresceu e como todo processo de crescimento provou e prova de sonhos, mas também
de alguns dissabores.
É utopia sonhar com uma sociedade
igual para todos? É possível chegar a isso num país capitalista, de condições desiguais, apenas com
algumas reformas? Quando se chega aos governos, consegue-se construir valores que
seduzem a população? Afinal, que sociedade temos e que sociedade queremos?
Toda vez que tento responder perguntas desse tipo, me pego fazendo uma crítica profunda ao poder e principalmente de como quem chega a ele se comporta e aí, nem que seja por alguns minutos, me
considero um discípulo de Bakunin, o pai do anarquismo e quando ouço o Sergio
Cortela dizer “que o poder foi feito para
servir e que todo poder, que ao invés de servir se serve é um poder que não
serve”, fico mais convencido de que se o poder, no partido, nas
instituições, na sociedade e principalmente no Estado, como concepção ampla,
não tiver uma causa humanista que traga o ser humano como centro e isso possa servir de justificativa, será um poder apenas para servir
a quem o está disputando e não para contribuir com mudanças de comportamentos, de valores e
com a qualidade de vida das pessoas, principalmente às excluídas da sociedade
consumista.
Se for verdade que viemos ao
mundo para uma missão, também será verdade que se não a identificamos em tempo: ou viemos ao mundo a passeio ou teremos que voltar numa segunda chance para
fazer o que deveríamos e não fizemos quando podíamos.
Como escreveu Paulo Freire no
Livro “Essa Escola Chamada Vida”:
“Sonho com uma sociedade reinventando-se de baixo para cima, onde as
massas populares tenham, na verdade, o direito de ter voz e não apenas o dever
de escutar...uma sociedade, onde a exigência de justiça não signifique nenhuma limitação da liberdade e a plenitude da liberdade não signifique nenhuma restrição do dever de justiça”.
Só faz sentido uma mudança plena da sociedade se, em primeira instância, a solidariedade for o atributo principal na construção de novos valores.
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