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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Nova Classe Média ou nova Classe Trabalhadora?

Foto: sindipec.org.br

A classe econômica dominante no pais e seus representantes, como exemplo o PIG - Partido da Imprensa Golpista, insistem em dizer que há uma nova classe média no Brasil, mesmo tendo trabalhado durante muito tempo para que isso jamais pudesse ocorrer, concentrando riqueza em poucas mãos, suprimindo direitos essenciais e não criando novas oportunidades para a população menos favorecida.

No campo trabalhista, o exército industrial de reserva, nome dado ao acúmulo de trabalhadores desempregados, forçava para baixo achatando salários, colocando em risco os direitos conquistados e espalhando o medo, com o boato de que mesmo o emprego formal iria desaparecer, em função das crises e da falta de novos postos de trabalho. Há inclusive uma tese de alguns economistas mundiais, defendendo que é necessário, num país emergente como o Brasil e em pleno emprego, demitir 1/3 da mão de obra ativa, para que o mercado tenha novamente controle da situação. Ou seja, a volta do exército industrial de reserva. Trabalhadores unidos: é bom ficar em alerta.

Pouco a pouco, o governo do Ex-Presidente Lula e da Presidenta Dilma foram desconstruindo esse discurso e essas práticas perversas. Hoje, os trabalhadores brasileiros vivem uma nova fase, não só com o aumento da oferta de trabalho, mas principalmente em termos de qualificação profissional.

Não tem essa de nova classe média. Concordo plenamente com a Professora, historiadora e militante política Marilena Chauí, quando diz abominar esse termo, porque coloca os trabalhadores numa situação de pseudo igualdade com esse setor da sociedade, mesmo tendo claro que jamais serão respeitados como deveriam. Jamais estarão nos mesmo lugares, pois além do econômico existe a discriminação. A questão não é somente em termos econômicos, mas principalmente de respeito a quem teve seus direitos delapidados, a começar pelo bolso. Numa de suas falas Marilena afirma:

"Não chamem de nova classe média a esses trabalhadores que conquistaram alguns direitos fundamentais negados por tanto tempo. Não podem ser confundidos, pois existem várias contradições nesse segmento da sociedade que alimenta toda desigualdade. Chamem de Nova Classe Trabalhadora, que conquistou o direito de morar, estudar, trabalhar com carteira assinada e tantas outras conquistas".

O risco que ainda se corre é o fato dos direitos trabalhistas. Além de vários ainda não terem sido conquistados, apesar de mais de cem anos de  luta, os que foram conquistados correm risco de continuidade. É claro que a justificativa virá de outros argumentos, onde venda ilusão e entregue a escravidão, como já ocorre com algumas empresas do ramo da construção civil.

É necessário uma profunda reestruturação na vida sindical, modernizando essas entidades, reciclando seus dirigentes que se perpetuam no poder e principalmente mudando a forma de disputa, assim outra profunda reforma na legislação trabalhista, assegurando definitivamente os direitos já existentes e não suprimindo os direitos já conquistados.


Alguns links sobre o assunto:

1. Artigo da Professora Marilena Chauí: Nova classe trabalhadora: enigmas?
http://novo.fpabramo.org.br/content/nova-classe-trabalhadora-enigmas

2. Vídeo da palestra do Presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann: Grupo de Estudos sobre a Nova Classe Trabalhadora.
http://www.youtube.com/watch?v=4eWkqXpOXvg


Antonio Lopes Cordeiro
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Laboratório de Gestão e Políticas Públicas - Fundação Perseu Abramo

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