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segunda-feira, 3 de março de 2014

O Brasil da atualidade e a aliança à direita pela volta ao passado


A partir desse momento até o dia das próximas eleições, os meios de comunicação ligados à velha mídia, comandados por seus proprietários, ou seja, aquelas seis famílias, assim como as redes sociais, estarão repletas de informações e desinformações, no sentido de “ganhar” a confiança de seus leitores, ouvintes, telespectadores e internautas, visando uma única possibilidade: confundir a cabeça da população e tirar do comando do país o Partido dos Trabalhadores e seus aliados, que nos últimos doze anos, resgataram a soberania nacional e desatrelou o país dos EUA e também das amarras do FMI e do Clube de Paris.

Quero iniciar essa conversa afirmando que a razão que move a oposição brasileira, desprovida de um Plano de Governo Nacional que fortaleça a soberania, liberte o povo pobre e, sobretudo projete o país para os desafios futuros, é a mesma que move em todos os países da América Latina que hoje são governados por partidos e líderes ligados ao um pensamento de esquerda, como por exemplo, a Venezuela, onde a direita prega um golpe e o que esta por trás é o petróleo. Ontem foi a colômbia e antes de ontem a Argentina.

No seio dessa disputa está o petróleo, a hegemonia da elite econômica e a elitização de todos os meios que fortaleçam a possibilidade de liberdade do povo pobre de todos esses países, tais como acesso a: educação, emprego formal, casa própria e aos diversos bens de consumo, até então privilégio de poucos, como era o Brasil de um passado recente. Um país pobre, mergulhado no neoliberalismo e sem perspectiva futura.

A meu ver, estamos atravessando uma estreita ponte. Um grande risco à nossa frente. Por um lado a população pobre começa a tomar gosto por desfrutar de alguns bens e serviços proibidos nos governos anteriores por falta de posse e por outro o risco eminente desse mesmo povo cair novamente no “canto da sereia”, como por exemplo, achar que alguém pode fazer mais e melhor se nunca fez. Ora, se isso fosse possível, Lula e Dilma não teriam ganhado três eleições seguidas. Só ganharam pelo fato de terem gerado resultados suficientes que mudaram a vida de milhares de pessoas. Esse é um fato concreto e contra fatos todos os argumentos são secundários.

O que faz a direita, a extrema direita e a extrema esquerda se unirem para combaterem o governo atual, senão a intenção de desconstruir uma trajetória vitoriosa. Algo que distancia quem se apoderou dos resultados dos últimos anos dos discursos vazios desses setores, onde o discurso está a anos luz da prática. Em regras gerais todos esses setores almejam a volta ao passado, com uma complicada avaliação de que o país está quebrado, de que o país gasta muito com o social, de que a copa é das empreiteiras e por isso tem que ser combatida, de que não se investiu muito em educação e de que o mais médico, com a importação de médicos cubanos é a legitimação da escravidão cubana no Brasil, entre outras análises descabidas.

É claro que a direita e a extrema direita seguem um caminho, incomodadas pelo fato de seus agentes não operarem aqui como faziam no passado e pelo fato dos pobres estarem ocupando as vagas que eram suas nos governos anteriores e a extrema esquerda, como aquele disco de vinil arranhado, repetindo as mesmas coisas de cinquenta anos atrás e querendo uma revolução armada, para acontecer exatamente como ocorreu no passado. Com a pobreza extrema, ambos os discursos se encaixam perfeitamente.

Não quero com essa breve análise afirmar que o país está do jeito que queremos, pois para isso temos que mudar os rumos da sociedade e dar voz ao povo, mas é impossível dizer que o país capitalista chamado Brasil é o mesmo do passado, onde os EUA espirravam e nós ficávamos gripados. O Brasil da atualidade é outro. Continua capitalista, com todos os problemas do sistema, mas, no entanto com o povo pobre ocupando o espaço que foi suprimido por 502 anos, ou seja:  estudando, trabalhando com carteira assinada, se capacitando tecnicamente, comprando sua casa própria, viajando de avião, comprando seu carro novo, abrindo conta nos bancos e sobretudo com acesso a programas sociais nunca antes existentes.

Na verdade tínhamos no passado um país de poucos e para poucos, comandados pelos EUA, pelo FMI e pela elite brasileira e hoje temos um jovem país nascendo a partir de um processo de inclusão e participativo. É justamente isso que será combatido nos discursos que veremos a partir de então. Isso soa como algo subversivo para quem acha que o povo não tem capacidade de pensar, tomar decisões próprias e principalmente de agir quando alguma ameaça for detectada. Não queremos mais ser tratado como “garrafinhas” trocadas por votos e sim ter o direito de escolher nossos caminhos.

Queremos na verdade um país livre e soberano, que talvez não seja esse que está desenhado na atualidade, porém está muito mais perto da mudança do que tínhamos no passado quando era achincalhado pelo EUA, FMI e demais países do chamado primeiro mundo. Nenhum governo anterior conseguiu fazer com que o Brasil fosse ouvido como exemplo e principalmente copiado, em algumas ações, como por exemplo, o SUS e o Programa Bolsa Família, como esse Brasil de agora esculpido nos governos Lula, Dilma e pelas inúmeras Conferências Nacionais deliberativas ocorridas ate então.

É obvio que temos muito a fazer, como principalmente moralizar a política através de uma Reforma Participativa, exterminar de vez a corrupção, aprovar o Financiamento Público de Campanhas, evitando assim o financiamento privado e o caixa dois para as campanhas milionárias e tantas outras. Porém isso só será possível com a efetiva participação da sociedade organizada em todas as decisões do país, exercendo o direito pleno de Participação e de Controle Social.

A população terá dois caminhos muito claros a seguir: um da continuidade e avanços dos projetos atuais e o outro da volta ao passado. Ninguém faz mais e melhor se não fez no passado e tampouco mudará o país eletrocutando o povo, afinal quem gosta de choque é a polícia e o paciente em estado terminal.

A lógica era a de que até os empresários apoiassem o governo atual, afinal nunca ganharam tanto, mas afinal não farão devido à luta de classes. Eles estão se organizando para destruir o que já conquistamos e cabe a nós defendermos nossa liberdade nas ruas se necessário.

"A liberdade, que é uma conquista, e não uma doação exige permanente busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de quem a faz. Ninguém tem liberdade para ser livre: pelo contrário, luta por ela precisamente porque não a tem. Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, as pessoas se libertam em comunhão." (Paulo Freire).


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão e Políticas Públicas da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com

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