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segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

De onde nascem a discriminação e o preconceito?

Imagem disponível em: 
https://gestaoescolar.org.br/conteudo/954/a-manipulacao-social-do-preconceito-e-da-discriminacao

Vivemos dias impensáveis com uma pandemia que continua matando devido ao abandono dos governantes a uma população que já se acostumou com o vírus e continua sua rotina profissional por necessidade e social e de lazer por opção. Uma sociedade em crise de identidade, afetada pelo ódio de classe e político, separada pelo econômico, confinada nas igrejas e doente pelo vício das drogas, bebidas e também pelo vício das redes sociais, que segrega pessoas e invade o universo de muita gente do acordar até na hora de dormir.

Ninguém nasce com preconceito ou com ideia de superioridade. São comportamentos construídos socialmente a se começar pelo núcleo familiar, que indicam uma postura política-ideológica de dominação, principalmente de uma supremacia branca que se impõe através do econômico e constrói o processo separatista ainda presente claramente nos dias de hoje. Porém o pensamento burguês ultrapassa as fronteiras e os limites e se individualiza.

Perdi a conta de quantas vezes eu sofri discriminação e preconceito devido a minha origem nordestina, meu físico ou meu estado econômico-financeiro, ou ainda fui ignorado. Ainda hoje passo por situações inconvenientes, quem sabe pela idade, questão econômica ou ainda por outras questões que desconheço. Algo que sempre me tira o chão quando ocorre. 

Como descrever uma situação dessas? Ouvi um relato de uma pessoa que nos dá uma impressão de como isso chega ao nosso ser: “Sinto um frio que invade a alma e me faz sentir um verdadeiro “puxadinho” da minha existência”. “Algo prestes a cair diante de alguma tempestade da vida”. Podo-me no lugar da pessoa me passou um filme pela cabeça de tantas coisas que já passei nessa direção.

O que nos resgata nessas horas é a nossa história de vida aliada aos amigos e amigas que nos encoraja e nos faz caminhar, além da consciência política que nos faz enfrentar a situação se necessário for, custe o que custar. Porém é um sentimento que se aloja dentro de nós e alguns ficam para sempre como um alerta dos diversos "cantos das sereias".

Do ponto de vista filosófico, o preconceito é um problema ético de grande relevância, pois além de criar vários problemas, invade a individualidade alheia, além de ser um desvio ideológico ou uma posição ideológica. Algo presente em larga escala no campo da extrema direita e da direita, mas infelizmente também de alguma forma, em menor proporção, no campo da esquerda. Afinal é uma manifestação de poder.

Bobbio afirma que o preconceito se constitui de uma opinião errônea (ou de um conjunto de opiniões) que é aceita passivamente, sem passar pelo crivo do raciocínio, da razão. Ele chama a atenção para a diferenciação do preconceito individual e do coletivo, quando um grupo social apresenta um juízo de valor negativo sobre outro grupo social, onde a tendência é sua ampliação.

Negros e negras, pessoas homo afetivas, pessoas pobres, nordestinos e nordestinas e índios e índias são as pessoas mais afetadas em termos de preconceito e discriminação, porém normalmente quem tem recursos financeiros discrimina quem não tem a se começar pelas diversas formas de ostentação.

Há uma gigantesca pedra no caminho da paz na convivência com situações como essas e no sentido de removê-la recorro à história de todas as pessoas que deram suas vidas na luta por uma sociedade onde não haja preconceitos ou qualquer forma de discriminação, além de me juntar a quem continua na luta, em posição, ora de defesa e ora de ataque, porém o importante é que eu nunca me sinta superior a ninguém, pois ninguém é Senhor de ninguém, como bem afirmou o Capitão Lamarca na carta aos filhos..

Às vezes a única coisa que nos resta é poetizar a situação. Olhar o dia chegar e acompanhar sua trajetória até o por do sol e esperar que a vida nos faça sermos luzes em caminhos onde a treva predomina. Eu sou luz e você?

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Quem perdeu entregue e quem ganhou assuma: lições da gestão pública

 

Todos os janeiros pós-eleições municipais nos 5.570 municípios do país ocorrem os mesmos fenômenos recorrentes: o apontamento dos erros da gestão passada pelo grupo vencedor e o grupo perdedor desqualificando, do ponto de vista técnico, a composição política exitosa. Isso ocorre até quando dá continuidade de governos. Apontar o erro do passado é uma necessidade dos que chegam. Porque chegam com a premissa do mito fundador da política, que é a mudança. Todos os políticos de todos os partidos prometem mudança nas campanhas. Até os que vão para reeleição prometem alteração na gestão. Até aí tudo quase bem. Normal. 

O problema se agrava quando quem ganha não assume e quem perdeu parece não querer entregar. E, saliento e oriento: quem perdeu não tem mais o que perder. Mas, quem ganhou tem.

Quem ganhou, ganhou para trabalhar. Para consertar os erros. Para apontar o que estava de errado também, judicializar se for o caso, mas, antes de tudo apontar e implementar as soluções. Não ganhou para reclamar.

Uma das novidades deste 2021 é o uso exagerado do WhatsApp, por onde passarão as fotos de carcaças de veículos, de estradas esburacadas , áudios de salários atrasados, de rombo nas contas etc.

Vencedores, esqueçam os grupos. Vocês (me digiro a todos os municípios brasileiros) não ganharam para reclamar. Ganharam para consertar o que tiver de errado. Não se limitem a somente apontar os erros e nem usem deste instrumento como desculpas para não fazer. Gestar é diferente de ganhar e a cadeira do poder tem brasa. Queima muito e passa rápido.

Ter um planejamento estratégico a partir do Programa de Governo registrado no Cartório Eleitoral, que se torna, doravante em Plano de Governo é a tarefa primária da gestão. (Plano Plurianual não é um Planejamento Estratégico de Governo) Construção do que se elé conhecido como os 100 dias rosweltiano (avaliação da gestão nos primeiros 100 dias), composição de uma equipe de trabalho e capacitá-la para a função a ser exercida é primordial. Capacitar sim. E capacitar todos. Inclusive o gestor eleito. Na grande maioria dos municípios brasileiros não se usa a capacitação e o planejamento como elemento necessário para a gestão. Erram por isso e pagam num período de 4 anos somente. E paga-se caro, geralmente. O que acha que sabe tudo é o que menos sabe. Quem ganha a eleição é o político,  não o gestor. O gestor precisa de se capacitar e de capacitar a sua equipe para a condução de uma gestão qualificada. Quem perdeu vai apostar no desgaste. E está correto. Quem ganhou tem de apostar no êxito. Mas, fazer o mesmo de sempre e querer resultados diferentes é uma contradição existencial e política.

Eu já tive nos dois lados. Do lado que ganhou e do que perdeu. Sei o quão é difícil. Difícil para quem perdeu e tem de ajustar as vidas, inclusive dos seus. Mas, o lado do vencedor é muito mais difícil. É desafiador.

Às vezes quem ganha não tem entre os seus políticos pessoas com capacidade técnica para a assunção dos cargos. Eu digo: “coloque os políticos e capacitem”. Os que não desejarem se capacitar para a gestão, infelizmente na cabe ou deva caber na gestão. Estou falando desde o menos relevante  ao mais importante cargo. Todos os cargos na gestão são cargos políticos. Não há nenhum cargo técnico.

É preciso de ter metas, objetivos entendidos, método de trabalho, metodologia de avaliação constante e aferição dos resultados, pelo menos trimestral. Fazer diferente é investir no erro. E, se valer dos grupos de WhatsApp para reclamar que a gestão passada deixou um buraco não é somente equivocado. É desastroso. Especialmente em seus resultados políticos-administrativos. A população não está interessada neste assunto do que ficou. Está querendo quem resolva os seus problemas. Para isso elegeu esta gestão.

Quatro anos passa rápido para se perder tempo reclamando e não apontar soluções. É preciso agir. É preciso qualificar a gestão. A gestão precisa de apresentar resultados. O gestor precisa alcançar estes resultados. A política e o político vivem disso.

Jocivaldo dos Anjos
Salvador - BA


Ah, Brasil mostra a tua cara...

 

Para não dizer que não conheço nada do exterior, conheço alguma coisa do Paraguai e da Bolívia. Algo deprimente e pobre perto de quem conhece grande parte do mundo, mas ao mesmo tempo me sinto gratificado e rico por conhecer alguma coisa de uns e bastante de outros, dos 21 estados que fiz trabalho pela Fundação Perseu Abramo e dos 23 que conheço.

Uma viagem ao mundo e ao submundo de um país construído a partir das desigualdades econômico-sociais. Estudo da Oxfam revela que os 5% mais ricos detêm mesma fatia de renda que outros 95%. Mulheres ganharão como homens só em 2047 e os negros como os brancos em 2089 (https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/22/politica/1506096531_079176.html). Esse é o país real mantido principalmente pelo comportamento da classe média que ostenta imitando os ricos e acaba dando uma grande contribuição.

Vivemos no país das negociatas políticas por grande parte dos eleitos e das eleitas por uma população que vota pela emoção e se recusa a entender o processo político, o que faz com que as figuras eleitas sigam negociando nossas almas em busca de projeção e de acordos para as eleições de 2022. Uma vergonha nacional e um grande problema humanístico a se resolver.

Ao chegarmos a algumas cidades brasileiras, criadas e mantidas por uma cultura europeia, no sentido de atrair turistas e fazer com que se venda a ilusão de que nem existem pobres, pois por certo são proibidos até de transitarem, ficamos com a sensação de que bom seria que o país com toda sua riqueza, fosse cuidado e requintado como essas cidades que são mantidas pela aparência para atrair turistas, como se fosse uma cópia perfeita de uma Europa que 99,99% da população brasileira não conhece e nunca vai conhecer.

São cidades para se sonhar acordado e se sentir fora do Brasil. Porém ao voltarmos à vida real o que temos na extrema maioria são cidades que não foram projetadas e planejadas para todos e todas. Apenas para um pequeno setor. Cidade que vive vários conflitos onde o maior deles é o da terra ou a falta dela, desde as primeiras privatizações em 1850 com a primeira Lei da Terra e hoje, 170 anos depois, praticamente a terra foi parar nas as mãos de 1% da população. A pergunta é: quem invadiu o que e em nome de quem?

A vida urbana no formato que temos hoje foi composta pela necessidade de sobrevivência, primeiro pelos trabalhadores e trabalhadoras que tiveram que abandonar suas localidades de forma forçada e depois pela pobreza urbana que foi ocupando os morros por falta de política habitacional e outras políticas. Esse é o Brasil real. Um encanto aos olhos de pouca gente endinheirada e grandes tarefas para a maior parte da população.

No interior dessas contradições nos encontramos a reivindicar e lutar por outra forma de civilização. Por uma cidade e campo que queremos em defesa da agricultura familiar. Por novas formas de ocupação e principalmente por uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas. Sonho ou fantasia? Como dizia Paulo Freire, prefiro acreditar ser uma utopia que nos move a continuar lutando, mesmo com nossas dificuldades e contradições de unir uma esquerda que só pensa na disputa de pequenos poderes e não se junta numa frente para lutar contra todas as desigualdades. O poder burguês ainda ocupa as mentes e os corações de muita gente que se diz lutar por uma causa.

Uma coisa é certa. Continuamos muito distantes dos nossos sonhos e há anos luz das nossas utopias. Uma situação movida pelo nosso individualismo. Porém quem veio ao mundo a trabalho e para servir, continuará a doar sua vida se necessário for e grande parte do seu tempo na construção de uma terra sem amos, sem exploradores nem explorados, lutando pelo Bem Comum.

Viva todos e todas que estarão juntos e juntas em 2021, lutando contra toda forma de discriminação e principalmente contra todas as formas de se ignorar o ser humano fazendo-o nem existir para o mundo real.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

O vírus e as redes sociais. Quem nos divide mais?

 

Imagem disponível em: https://canaltech.com.br/redes-sociais/viciado-em-redes-sociais-confira-dicas-de-como-comecar-a-se-livrar-delas-156835/

O conteúdo do filme “O Dilema das Redes” é algo inquietante e preocupante, pois revela com exatidão como as empresas nos usam e manipulam, além de deixar no ar que o comportamento das pessoas em rede está se tornando uma grande doença social, que faz as pessoas abandonarem seu convívio e ficarem dia e noite presos e presas a um mundo virtual onde não há limites e nada que dê conta. Muito ao contrário. Cada vez se abre um espaço novo ou uma rede nova e como ficar fora de uma onda dessas? Praticamente impossível!

Segundo o filme o sintoma se apresenta visível e de forma clara, principalmente na hora de dormir e das refeições, onde as pessoas põem com uma mão a colher na boca e com a outra dedilha para ver o que o Facebook, Instagran, Whatsapp e tantas outras trazem de novidades ou que resposta as pessoas deram para as mensagens que enviamos. Conta uma lenda que as redes acompanham as criaturas viciadas até no banheiro na hora das necessidades. Será? Custo a acreditar...!!!

Na verdade estamos diante de vários dilemas a começar por um vírus que parece não ter fim, mas que as pessoas já se acostumaram a conviver com ele de boa e não pouparam as festas de final de ano com suas aglomerações familiares sem máscara e sem nenhuma medida de proteção. A partir desse cenário o Bozo tem razão quando afirma que se trata de uma gripezinha. Na proporção o Brasil chegou a 7,5 milhões de pessoas infectadas e os números de mortes, mesmo fazendo uma correção sobre os ditos oficiais, chegará a 250 mil, o que significa apenas 3,3% das pessoas infectadas. Ou seja. Quase nada para um genocida que defende a morte em seu discurso diário.

Na sociedade de consumo e de grife que vivemos somos divididos e classificados pelo que temos e possuímos ou não e agora as redes sociais nos classifica por idade ou pela nossa intelectualidade. O Facebook como uma comunidade de pessoas velhas, o Instagram de jovens e o Twitter da galera intelectual. Verdade ou mentira? Infelizmente se trata da mais pura verdade. Hoje temos até vergonha de dizermos as redes que frequentamos, pois passamos como bregas ou desatualizados. Que loucura...!!!

Que fenômeno ou comportamento é esse que estamos vivendo? O que esperar dos novos tempos? O que sobrará das nossas relações presenciais? Podemos chamar tudo isso de doença social? O que fazer para voltarmos ao normal?

Há estudos que afirmam que há um sentimento narcisista no comportamento das redes, principalmente pelas pessoas conseguirem medir suas audiências e evidências, se sentirem importantes ao participarem de uma live, ou mesmo de afagarem seus egos ao verem dezenas de figurinhas amorosas em resposta as suas mensagens e ao responderem na mesma proporção. Ou seja. O prazer a um clique de sua imaginação como nunca se havia pensado.

Vale salientar que principalmente num mundo em pandemia, esses espaços vieram para ficar. Porém quem exagera nas redes a seu bel prazer, acaba subtraindo grandes momentos da vida com alguém. Não há espaço para as duas coisas ao mesmo tempo. Pelo menos de forma presencial.

Escrevo e me incluo também no contexto, como um alerta ao vício, como uma forma de protesto quando ocorre comigo e como uma busca de saber como administrar para que eu também não vire um total viciado virtual.

O que seremos no futuro virtual? O que sobrar desse mundo de Big Bhother. O que as relações de afeto sobressaírem e o que os corações suportarem.  

Que as nossas relações reais sejam mais consistentes e verdadeiras que o vício virtual e que possamos usar as redes como ferramentas de suporte e não como a nossa própria vida. Que assim seja!!!

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

 


quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Feliz ano novo!!! Celebremos o esperançar

 

Faça chuva ou faça sol

Em primeiro de janeiro

celebremos a esperança!

Que perdure o ano inteiro!
 

Nos ensina Paulo Freire

Esperançar é se mexer

Levantar, não desistir

E fazer acontecer
 

Jamais ficar esperando

Que o acaso um belo dia

Transforme em realidade

Nossa linda utopia
 

Buscamos um mundo novo

Com justiça social

Com pão em todas as mesas

O bem vencendo o mal
 

Ano novo, novos planos

Ou talvez só outra etapa

De um projeto iniciado

Talvez, do livro, a capa...
 

Precisamos só lembrar

Que a luta já profetisa:

Só somando nossas forças

Que o sonho se realiza
 

E essa nova humanidade

Que estamos a construir

Sem maldade e violência

Sem chorar, mas, sim, sorrir
 

Portanto, sigamos juntos

Sem parar de esperançar

Pois, ao final e ao cabo,

A batalha vamos ganhar


Autoria: Arlete Rogoginski

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

O que se busca enfim no amanhã que tanto sonhamos?

 

Estamos no limiar de mais um novo ano e com ele sempre vem um balanço do que não fomos capazes de realizarmos no ano que finda e logo vem os sonhos com várias situações novas e desejadas para o ano que se inicia. Uma viagem anual entre o mundo real e a doce ilusão de que a vida faça uma curva nos rios da vida e ancore justamente onde nossos pensamentos ousaram passar.

Apesar de todas as incertezas que nos vem à mente, pois não temos o controle da vida, vivemos na construção e expectativas de como será o nosso amanhã. Fazemos planos, convidamos alguém para ouvir uma música juntos e caminhar conosco e também achamos que podemos ir muito além do que já fomos. Um cenário sempre próspero, carregado de boas memorias e de esperança de uma vida melhor.

Se fôssemos desenhar o que sonhamos nesse momento, quem sabe o Hoje seria a linha do horizonte e o Amanhã o próximo passo ao rompermos a imensidão de nossas emoções, rumo às realizações que a mente gera e o coração alimenta.

Descobrimos ao longo da vida que podemos ser lenda para a história, momentos de amor para algumas pessoas e a vida que se soma a alguém em casos muito particulares e raros. Somos o tudo e o nada diante das expectativas alheias e muitas vezes passamos por situações que só o coração pode explicar. A única certeza que temos é que o hoje e o agora existem e isso nos faz acreditarmos que o amanhã está logo ali na dimensão da nossa imaginação e quando ele chegar voltaremos a ser crianças novamente e brincaremos de felicidade como num banho de chuva.

Para os seres que transitam na vida em curso individual, o amanhã não existe. Somente o hoje, assim como o amor como desenhamos um dia, que vai sendo substituído apenas por momentos. Ora por prazeres momentâneos e ora por algum prazer duradouro, porém para quem vive de emoções e sente o coração pulsar, consegue enxergar o amor até num voo solitário de um pássaro em busca de um pouso seguro. Quem sabe a grande missão humana seja buscar o amor além dos desejos temporários, como uma eterna magia que altera todo metabolismo e nos faz acreditarmos que o melhor ainda está por vir.

Às vezes necessito emudecer e sair de cena como uma condição humana necessária de sobrevivência emocional e de busca de equilíbrio. Depois eu me refaço e sigo na caminhada em busca de me fazer presente. Uma coisa é certa. Só temos mesmo o que de fato conseguimos conquistar. No mais vou me alimentando dos meus sonhos e buscando energia nas minhas utopias visando o amanhã. 

Há evidências de que buscamos para o nosso amanhã reconhecimento em termos de vida, resultados do que plantamos, resiliência e um caminho florido para o coração. Afinal morremos todas as vezes que somos ignorados e ganhamos mais um tempo de vida quando fazemos a diferença na vida de alguém ou sentimos que chegamos e ancoramos em seu coração. 

Na dúvida plantemos flores, mesmo sem a certeza de que poderão compor o nosso jardim. Ontem eu plantei Trevo de Quatro Folhas e algumas Orquídeas para que nos momentos de solidão e carências da vida, possam elas me fazer companhia. Normalmente as plantas reagem de acordo com a nossa presença e carinho na vida delas. 

Que vocês encontrem e plantem lindas flores nos caminhos que trilharão em 2021, apenas com o cuidado de regar todos os dias, adubar a terra e oferecer uma dose de carinho diária, como o amor necessita para criar raiz.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social

 


quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Um ano que não deixou saudades...

 

Imagem disponível em: https://br.pinterest.com/pin/615796949042123059/

Particularmente, vivi um ano com perdas muito doloridas, seis meses de reclusão devido à pandemia e mais dois com algumas dores vindas não sei de onde, mas com algumas conquistas também muito prazerosas, onde entre elas está terminar vivo o ano de 2020 e bem. Um grande motivo para se comemorar a vida!

Descubro diariamente, entre um sonho e outro, que precisamos sempre nos reinventar. Ninguém é tão completo e dono ou dona de uma verdade absoluta, que não precise de uma formatação e reciclagem permanentes. Vivemos em busca do que nos faz bem e de fazer bem a quem convive conosco, que nem sempre é um caminho fácil ou acertamos, mas que tem como segredo continuarmos a nos refazer e não desistirmos.

A vida nos ensina que somos compostos por defeitos e qualidades. Caso mirássemos apenas nos defeitos das pessoas não se conseguiria viver com ninguém, pois todos e todas temos defeitos. Porém são as virtudes e qualidades que nos movem, que nos comovem e nos faz querermos amar, vivermos e convivermos com as outras pessoas, independente de seus defeitos, aos quais podemos dialogar. O mais interessante é sabermos que isso ocorre diariamente diante da nossa incapacidade de enxergarmos os nossos próprios defeitos.

De uma forma geral, vivemos hoje diante do caos, numa situação onde vida e morte estão presentes diariamente diante da pandemia que atingiu o mundo, além da convivência forçada com os genocidas de plantão. Vivemos numa sociedade em crise permanente de identidade, onde o ter e a ostentação se impõem como regra em detrimento do ser, que é quase nada aos olhos de quem tem. Somos em muitos casos apenas fragmentos em luta por um espaço de existência, onde as redes sociais consomem o tempo e substituem um carinho, uma conversa ou um momento, nos fazendo seres individuais e em certos momentos até egoístas. Precisamos regar as nossas plantas e cuidarmos do nosso jardim para que a vida floresça.

A partir desse cenário várias perguntas nos vêm à mente: Como seremos no ano que se aproxima? Quem estará conosco? Qual será nossa missão? Estaremos vivos? O que aprendemos nesse ano tão complexo? Como administrar nossos conflitos pessoais para que eles não afetem ou interfiram em quem está conosco? Enfim... São perguntas de respostas complexas que só o tempo nos ajudará a responder.

Porém, quero diante das minhas incertezas e diárias introspecções e reflexões, deixar uma mensagem de esperança nas caminhadas do ano vindouro.

Um dia o sol se apaixonou pela lua, mesmo sabendo que não podiam conviver diariamente e teriam que esperar ansiosos por um eclipse que seria o único momento a se encontrarem e conta a lenda que seguem juntos até hoje. Uma simbologia que muito nos ensina. Um exemplo de como tirar o melhor proveito de algo que não se tem ao todo, mas que pode representar uma eternidade se bem vivido. A vida é assim. Ter tudo às vezes não significa nada e às vezes não ter nada pode significar o recomeço ou a busca de uma nova era.

Que tal celebrarmos as expectativas dos momentos que virão com base nas nossas utopias? Aprendermos a dar valor ao que temos, com a certeza que não chegou ao acaso. Degustemos o que a vida nos oferece diariamente, como resultado de nossas escolhas. Vale lembrarmos que nada podemos fazer com o passado que se foi, mas podemos mudar o ciclo e o rumo da vida ao mirarmos no futuro que virá. Mirar o futuro é uma necessidade.

Que uma fada madrinha esteja comigo em todos os momentos de 2021 e me ajude a enxergar o que de fato vale a pena. Caminhemos juntos e juntas para daqui a um ano comemorarmos em vida todo percurso que viveremos no ano que se aproxima. 

Feliz Ano Novo! Feliz caminhada e Feliz chegada aos nossos sonhos.

Antonio Lopes Cordeiro(Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


domingo, 20 de dezembro de 2020

Um convite à reflexão neste Natal

 

A história nos conta que Herodes, reinando à época do nascimento de Jesus, teria ordenado que todos os bebês do sexo masculino com dois anos ou menos fossem mortos (Mateus 2:16), com medo de perder o poder, pois o que se ouvia na cidade de Jerusalém, era a notícia de um recém-nascido predestinado a ser o rei dos judeus...

Esse fato de extrema crueldade acontece em paralelo ao que o verdadeiro rei veio ensinar às multidões, a nova Lei do amor: “Amarás ao próximo como a ti mesmo”, repetia em suas andanças, Jesus, aquele menino que escapou da espada dos soldados de Herodes.

E nos dias de hoje, poderíamos identificar os “Jesuses”, os “Herodes”, os “soldados” e os “magos” de nosso tempo?

Quantas crianças são maltratadas, desalojadas, abusadas ou assassinadas, inclusive em bombardeios na própria “terra santa”...

Quantos governos autoritários, genocidas, escusos em falsas democracias temos hoje, com práticas que excluem, silenciam tantas vidas...

Quantos apoiadores dos Herodes de agora podemos identificar como os soldados que perseguem, ferem, matam os excluídos da sociedade: índios, negros, pobres, indigentes...

Por outro lado, quantos estão entre nós a anunciar que é possível um mundo diferente, onde haja comida na mesa de todos, educação, segurança, saúde, enfim, justiça social...

Que neste natal possamos refletir sobre a nossa vida e a nossa missão enquanto descendentes desses atores históricos. Com qual deles mais nos identificamos?

É possível um mundo diferente do que esse no qual estamos inseridos? Posso ajudar na construção de uma nova realidade, onde o ensinamento daquele menino nascido há mais de dois mil anos seja, enfim, posto em prática?

Que essas reflexões nos tragam coragem e esperança para reacender o desejo de um novo mundo, onde reine o amor e a paz entre os povos!

Feliz Natal - Feliz ano novo

Arlete Rogoginski
Servidora pública e dirigente sindical

sábado, 19 de dezembro de 2020

O mistério da natureza diante das nossas incertezas...

 

Ao caminharmos pelas veredas da vida o que se busca em sua essência é uma pausa na agitação do dia a dia, ainda mais num ano tão atípico como esse que termina de forma tão desigual, aonde o que sobrou a comemorar é só o fato de continuarmos vivos e bem, vivermos alguns momentos felizes com amigos e amigas e termos alguém que se importe de verdade conosco hoje, amanhã e depois de amanhã quando a velhice chegar, que não é nada fácil nem simples.

No meio disso tudo uma pequena e aconchegante cidade chamada Montenegro no Rio Grande do Sul, onde no passado era habitada pelos índios Ibiraiaras, dizimados pelos bandeirantes paulistas, entre eles Raposo Tavares. Um bando de aventureiros com a função principal de matar índios e se apoderarem das terras, do ouro e de outras riquezas que encontravam pelo caminho. Muitos ainda hoje tratados como heróis por parte da história oficial.

Uma tarde de sol. Um pequeno passeio de uma viagem construída sem ser programada e o convívio com pessoas a espera de uma nova vida. Diante de nós um belo cenário à beira do Rio Caí, composto por pescadores, vegetação densa e uma orla convidativa para uma longa caminhada sem compromisso.

Fazendo parte do cenário um paredão de proteção para uma das margens do rio e nele, numa das frestas, nascera uma planta que se tornara uma pequena árvore e que crescia lentamente, meio sem sustentação. De repente um pequeno pássaro pousa em um de seus galhos e de forma inusitada a árvore se parte ao meio nos deixando a perguntar o que teria provocado àquela cena que jamais imaginávamos observar. Naquele momento, seja por destino, por acaso, ou mesmo por um descuido da natureza, algo aconteceu na vida daquela planta, que só a própria natureza seria ou será capaz de explicar.

O que pensar diante de algo tão raro? Ao voltarmos ao post anterior, defendo que há uma simetria perfeita entra a vida das plantas e de nós humanos que vivemos com sentimentos e emoções e de repente ora somos gente, ora somos plantas no jardim de alguém. Parece ser o ciclo natural da natureza humana misturada ao ato de sonhar, resultando na composição da própria vida, que respira no dia a dia, o ar das nossas escolhas, decisões e incertezas.

Ouvi de uma leitora assídua que de forma até irritante eu me conservo esperançoso por uma vida melhor e por uma sociedade justa, fraterna e igualitária para todos e todas. Porém, o que seria das nossas vidas se não fosse o ato de esperançar, de viver de sonhos que alimentam nossas utopias? Creio que seríamos bem pouco e deixaríamos quase nada enquanto história de vida. Vivemos a desafiar a natureza, de criar o imprevisível, de escrever poemas ao compor uma vida juntos e de ir à busca de uma leve brisa quando o tempo fecha e nos põe em reflexão. Isso é humanizar as relações do viver.

Quem sabe o fenômeno ocorrido naquela planta tenha vindo para nos dizer muitas coisas, entre elas que é preciso amor verdadeiro e amar de forma incondicional, onde o cuidar é a seiva da planta que somos e buscamos na natureza o complemento do que gostaríamos de ser diante da nossa incompletude. Ninguém é tão completo(a) que não necessite de acabamentos.

Uma coisa é certa. Nem a árvore está morta, necessitando apenas de alguns cuidados, nem nós seremos os mesmos ou as mesmas amanhã quando acordarmos. Vale lembrarmos que ora somos o jardim no coração de alguém e ora somos apenas sementes que requer plantar, adubar a terra, regar todos os dias e sentirmos os frutos crescendo como resultado de toda nossa dedicação.

Que o ano que se aproxima nos possibilite cuidarmos dos nossos jardins com mais carinho e termos a capacidade de nos emocionar a cada flor que nascer para a vida. Jardinar a vida é um ato de coragem e de puro amor pelo próximo.

Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão social


terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Diante de uma nova caminhada como cuidar das flores que plantamos?

 

Depois de um processo eleitoral que mostrou a verdadeira cara do Brasil atual, vimos o povo votante optar pelos partidos do Centrão, um monstro que serve ao sistema e que se move a partir de suas necessidades e interesses; uma parte sonhar junto com os representantes da esquerda nacional numa grande onda e uma grande parte anular ou se abster, fiquei pensando o que escrever para juntar sonhos e decepções e fazer disso uma razão para continuar na luta.

Aliado a tudo isso a notícia que a pandemia voltou com tudo, como se já tivesse ido embora e não maquiada para que as eleições pudessem acontecer, além das baladas em noites a fio com muita bebida que não houve interrupção.

Há um bom tempo li no Livro “O mundo secreto das plantas”, que elas se comunicam conosco a partir das nossas reações de carinho ou desprezo. Agem e reagem à nossa forma de tratá-las e respondem a nossa interação. Quem não cuida com carinho do seu jardim do que cuidará bem? Se bem observado há certa simetria entre o comportamento das plantas e de algumas pessoas que convivemos ou que formamos nosso campo de ação.

Nós dos sonhos das lutas concretas, por certo nos sentimos mais pobres em termos dos sonhos presentes e do que enxergamos como perda para a população que se deixou manipular e a preocupação com a pobre democracia que anda por um fio. Porém, aprendemos nos desafios do dia a dia a nos reinventar e assim seguimos em frente, porém com a necessidade eminente de uma profunda reflexão para identificarmos para quem perdemos e como perdemos. Muitas coisas novas nos encantaram e vivemos de plantar nos campos da luta, tendo a convicção que um dia essas flores abrirão para a vida.

Ao fazer uma busca humanista nesse momento de incertezas, me pego pensando que para algumas pessoas somos apenas momentos, que duram muito pouco e ficam quase nada, mas para outras somos flores plantadas com cuidado no jardim da alma e que brotamos quando tudo parecia uma longa seca. Para essas, o exercício da vida nos ensina que quanto mais cuidarmos da relação, mais seremos brotos de esperança e de um novo olhar. Um toque suave de amor e é nesse momento que acontece o nosso crescimento interior.

A pergunta que me vem à cabeça ao escrever um post como esse é o que seremos no ano que se aproxima? A impressão é que nunca mais seremos os mesmos e as mesmas diante de um ano que abalou a humanidade, levou antes do tempo milhares de pessoas e ameaça levar muito mais. Apesar de tudo isso há quem nem acredite nos riscos, quem se venda por um voto e quem agrida por prazer ou ainda acredite que depois de um copo e outro rumo à embriaguez a vida se refaz. Será que avançamos rumo ao total embrutecimento da humanidade? O que nos resta fazer?

Continuarmos a sonhar com uma sociedade de iguais. Avançarmos na reflexão. Investirmos no jardim que plantamos. Ouvirmos mais que falarmos e ajeitar o terreno, pois um dia ele será apenas uma história de vida de quem por aqui passou e ainda passará. Não podemos mover o passado, mas podemos ser construtores e construtoras de sonhos coletivos feitos a várias mãos.

Somos na essência o que as nossas escolhas nos tornaram. Somos o ontem, o hoje e se vida tivermos podemos ser muito mais, até nos tornarmos a alegria em cores de quem de forma desavisada tropeçou no acaso e deu de cara com o destino. O grande desafio da vida é entendermos que somos o tudo ou o nada aos olhos de quem nos observa com alguma forma de sentimento.

Que a vida que virá nos sirva de boas energias para avançarmos rumo às vitórias contidas em nossas utopias e alimentadas por nossos sonhos.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social


quarta-feira, 4 de novembro de 2020

A estranha relação entre Eleitor@s e Candidat@s

 

Imagem disponível em: https://www.tre-pa.jus.br/imprensa/noticias-tre-pa/2020/Fevereiro/eleicoes-2020-candidatos-e-partidos-devem-atentar-para-os-prazos-da-justica-eleitoral

Como explicar que as pessoas ou votam por uma paixão desmedida, ou por ódio contra alguém ou contra um partido? Aliado a isso está à trupe que anula o voto ou vota em branco e se gaba dizendo que não votou em ninguém. Votou sim! Tudo isso sem contar que grande parte do eleitorado está à venda. Diante desse caótico cenário, três fatores são importantes de serem observados.

O primeiro versa sobre a obrigatoriedade do voto. Um contrassenso, pois as pessoas tinham que ser livres para votarem ou não. Quem sabe com isso fosse possível mudar as estranhas relações existentes no processo eleitoral e quem sabe ainda diminuísse o grau de promiscuidade em nome da democracia. Porém há de se entender que há uma indústria eleitoral por trás das eleições e esse é o principal fator para justificar uma eleição a cada dois anos.

O segundo vem do alto grau de desinformação existente entre o eleitorado, por terem comprado a ideia de que política não se discute ou que política é apenas para políticos. Afirmam que todos e todas mentem para passar uma ótima imagem e assim nem vale a pena acompanhar ou se informar. Claro que em parte isso é verdade, por várias razões, porém é a desinformação e a alienação, que juntas elegem figuras como o genocida presidente.

O terceiro é que é o fator emocional que acaba decidindo as eleições, sem racionalidade alguma. As pessoas votam em pessoas sem as conhecerem ou o que defendem. Votam por favores presentes ou futuros e também pelo fervor que se dá com a figura do candidato ou candidata. Além disso, votam em profissionais da política que fazem de seus cargos profissão e nesse time tem gente da esquerda à direita, que não possuem base eleitoral construída a partir da participação e de projetos e sim apenas eleitor@s que normalmente são tratados como “garrafinhas”, a serem trocadas em barganhas eleitorais.

Como uma forma de alerta e também com certa provocação, no post anterior faço uma pergunta embaraçosa para o momento político: Vale a vida por um voto? Uma pergunta que não consegue ser respondida pela extrema maioria de candidatos e candidatas, da esquerda à direita, pois a disputa pelo voto não tem limites. Para se manterem ativos e visíveis, candidatos e candidatas vão para o tudo ou nada, principalmente na reta final, ignorando qualquer risco e ocupam feiras, comércio, bares e botecos em busca de possíveis eleitor@s.

Essa eleição é de uma tremenda irresponsabilidade. É expor o povo, aos apertos de mãos e abraços, nem sempre desejados e para milhares de candidatos e candidatas apostarem até a vida por uma possível vitória eleitoral.

Existe um descompasso econômico e financeiro entre os mais de 530 mil candidatos e candidatas para as eleições desse ano. Enquanto uma parte desfruta de campanhas milionárias, sem se saber de onde vem esse dinheiro, outra parte fica no limite dos repasses do Fundo Eleitoral, com classificações diferenciadas em relação ao volume de recursos recebidos e outra parte nada tem a não ser uma quantidade de material oferecido pelo próprio partido. Enfim, como bem dizia o Barão de Itararé, há algo no ar além dos aviões de carreira disfarçado ou maquiado pelo marketing eleitoral.

O que fazer para participar e não entrar no jogo do poder? Ter muita calma nessa hora. Trabalhar com o que for possível, porém com a responsabilidade de não se tornar um agente multiplicador da pandemia. Trabalhar com projetos a várias mãos. Acreditar na democracia direta ou participativa. Não por a dignidade à venda com a desculpa de que o sistema é assim. Além disso, construir projetos de ocupação com o compromisso das mudanças efetivas que a sociedade que sonhamos requer. Como dizia Paulo Freire: “Uma sociedade onde a exigência de justiça não signifique nenhuma limitação da liberdade e a plenitude da liberdade não signifique nenhuma restrição do dever de justiça”.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social





quarta-feira, 21 de outubro de 2020

UM NOVO OLHAR...

 

Às vezes passamos por situações que não compreendemos, que muitas vezes não fazem sentido e nos machuca física e psicologicamente, bem lá no íntimo. Bagunça tudo, embaça e cega nossa visão.

Eu passei ou estou passando por um desses momentos. Estar entre a vida e a morte nos coloca neste labirinto de sentimentos e vivências, nos aproxima e nos afasta, nos cega e nos faz enxergar, faz morrer e renascer. Sim morrer, pois partes suas de fato morrem, no meu caso o orgulho, o ego, a vaidade e a soberba, ficaram lá na intubação que tive devido o Covid-19, e quando renasci, um novo olhar surgiu.

Um novo olhar para as relações que deixamos se tornar superficial, online e frágil, o que há de mais precioso do que as pessoas que amamos? Quando estamos sozinhos, isolados e abatidos nada é mais importante que um abraço, uma palavra e a presença de quem se ama. As redes sociais nos aproximam de quem está longe, mas nos distância de quem está perto, hoje valorizo como nunca um abraço, o olho o olho e um sorriso caloroso. Ter a família e os amigos por perto é o melhor presente que podemos ter. Eu tive uma experiencia muito singular e emocionante, que me fez ver o mundo mais bonito, as pessoas conhecidas e não conhecidas que intercederam por mim, as varias preces e orações, cada um dá sua forma, teve uma dimensão que não posso quantificar, isso foi e me fez sentir de forma muito especial. Mesmo depois de desenganada pelos médicos, eu voltei a respirar sozinha depois de tantas pessoas ter respirado por mim em orações e choro.

Um novo olhar para espiritualidade, como podemos deixar isso de lado, eu particularmente acredito em Deus, e minha ligação com ele foi tão especial e peculiar, a conexão e a intimidade que criamos nunca mais se romperá, eu o senti no íntimo, no físico e nas pessoas que ali estavam e nas que relataram experiências quando foram interceder por mim, me emociona profundamente. Eu senti o amor de Deus em cada um de vocês

Um novo olhar para as minhas prioridades, passamos nossa breve vida, em busca de coisas materiais, de segurança financeira, de um futuro estável, de uma história de amor eterno, sem ao menos se dar conta que o segundo seguinte já é o futuro, não aproveitamos a viagem, as companhias, as belezas e os detalhes do agora. Parece muito poético e utópico né? Eu imagino que você escute dessa forma quando falo essas coisas, mas é exatamente o que sinto e gostaria que todos entendessem, nada além disso é mais importante.

Enfim, um novo olhar para a vida e para essa nova oportunidade diária que é viver!

 Débora Machado
Psicóloga e Pesquisadora Cientifica.


quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Professora, Professor...


 

A todas as profissões
Precisamos dar valor
Respeitando todo o esforço
Do povo trabalhador

Mas uma em especial
Necessita mais amor
Isso mesmo, estou falando
Do querido professor

És do aluno quase mãe
Professor e professora
Sua arte de ensinar
Deve ser libertadora

Geografia ou Ciências
História ou matemática
Qualquer que seja a matéria
Na teoria ou na prática

O desejo de aprender
O carinho ao ensinar
Sempre se fortalecendo
Pela profissão amar

O Papa exalta o professor
Ao falar de educação
Apesar de “sempre mal pago”
Do futuro é o artesão

Para ele o professor
Deve sempre integrar:
Mãos, cabeça e coração
No seu ato de ensinar

Siga sempre com coragem
Professora e Professor
Pois, no fundo o que ensinas
É o Beabá do amor...

Autoria: Arlete Rogoginski

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

O SORRISO DE UMA CRIANÇA

 


Percebemos vida e sonhos
No sorriso da criança
Toda paz e tom sereno
Transmitindo esperança

Depende de todos nós
O mundo que precisamos
Que seja mais habitável
Para aqueles que amamos
 

Amamos a natureza
E tudo o que representa
Amamos o ser humano
Que da terra se sustenta
 

A criança tem o poder
De mudar o ambiente
Trazendo a alegria
De viver nosso presente
 

Papa Francisco nos lembra
Desse ser tão precioso:
“Brincar com nossas crianças
É um gesto grandioso”
 

Doces, balas, brincadeiras
Sorrisos e muita alegria
Que a criança interior
Seja nossa companhia!
 

Valorize cada instante”
A criança nos ensina
Com seu olhar e sorriso
E presença quase divina

 

Autoria: Arlete Rogoginski


sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Os Desafios do Processo Eleitoral Atual - Vale a Vida por um Voto?

 

O processo eleitoral embrutece e aliena uma parte da sociedade? Que tipo de abordagem poderá ser diferente nessas eleições? Vale tudo por um voto? Que estratégia seguir para atrair a atenção do eleitorado sem riscos? Como atingir números exponenciais de votos sem invadir a vida das pessoas ou levar o vírus a tiracolo nas diversas formas de abordagens?

São perguntas de respostas complexas, que exigem muita responsabilidade para respondê-las ou um grau de comprometimento muito alto de quem está planejando em equipe e buscando as melhores alternativas em busca de resultados.

Desafiando-nos em busca do grande Eixo que sustentava um mutirão habitacional de 200 famílias em São Bernardo do Campo em 1989, Paulo Freire nos fez uma analogia com um carrossel e nos pôs a refletir por dois dias, até chegarmos à conclusão de que aquele trabalho só poderia ser chamado de mutirão quando a entidade e as pessoas que o compunham saíssem do individual para o coletivo, que muda todo percurso e cria uma nova concepção de projeto e de estratégias de planejamento. Paulo Freire viajou conosco nos nossos sonhos de moradia e na concepção de habitar em comunidade a partir de uma prática coletiva, que remete a um trabalho de mente e coração na construção de vários sentimentos juntos e ações a várias mãos.

Passadas algumas décadas da nobre conversa com Paulo Freire e com um trabalho de gestão e científico que lhe dá sustentação, não tenho dúvidas que um trabalho eleitoral compartilhado e participativo é um grande mutirão, com todos os ingredientes, crises humanas e interesses diversos que pauta o dia a dia de quem o compõe. Porém se uma casa for erguida nesse formato ou uma campanha eleitoral for bem trabalhada nessa direção, o sabor de vitória será vivenciado independente do resultado final.

Como pesquisador focado no momento, trago uma visão bem conservadora a partir de algumas leituras do que vivemos e de algumas conversas sobre a abordagem convencional de candidatos e candidatas em tempos de pandemia. Há um sentimento de necessidade de distanciamento de candidatos e candidatas, que surgem do nada para atrair a atenção da população em todos os ambientes possíveis e uma irritação grande sobre o grande número de materiais que irá inundar as caixinhas de correio de milhares de pessoas, onde a maioria não será lida e sim irá direto ao lixo.

Não precisa ser um exímio analista político formado em Harvard para se chegar à conclusão de que estaremos diante de uma eleição com uma complexidade jamais imaginada e que requer muita calma diante dos perigos eminentes e uma dose alta de sabedoria para se buscar os resultados esperados sem se comprometer com o que possa ocorrer nas abordagens e ações impensadas em busca de votos, assim como com os cuidados com a própria vida. O que fazer para se tornar uma campanha competitiva?

Creio que a melhor saída para quem preserva a vida ou não quer se comprometer com a saúde alheia, seja uso inteligente, estratégico e planejado das Redes e Mídias Sociais, aliado a um plano de ação de pequenas reuniões agendadas, com todo cuidado sanitário possível e alternativas virtuais que sejam capazes de levar a proposta a milhares de pessoas com um custo baixo e pelo menos um momento de materiais impressos, principalmente na reta final, mesmo se correndo o risco de contaminar alguém e o material ir direto ao lixo. Para os bons ou para as boas, entendedores e entendedoras, chegou o momento de se intensificar o trabalho em rede, tanto virtual como presencial, com agentes multiplicadores de um projeto, uma ideia e uma ação.

Tem duas coisas na política que nossas mães nos ensinaram e continuam como verdades quase absolutas: “Diz-me com quem andas que direi quem és” e “Tudo na vida tem um preço”, ainda mais na vida política eleitoral que é pautada cem por cento por interesses diversos, sejam pessoais ou dos grupos onde a maioria está envolvida.

Que possamos tirar desse processo eleitoral os ensinamentos necessários para a construção de um futuro sem Medo de Ser Feliz, com Campanhas e possíveis Mandatos Compartilhados e Participativos, onde a nossa dignidade seja preservada e a luta por direitos, através da organização popular, seja a pauta principal, independentemente dos resultados eleitorais. Que tal?

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social
tonicordeiro1608@gmail.com

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Carta ao Tempo Senhor da Razão e Senhor da Verdade

 

O que é Tempo? O que somos diante de sua imensidão? Como dialogar com o Tempo e buscarmos nele as melhores respostas para a vida? 

De forma abstrata podemos entender o Tempo sentindo toda movimentação existente em nossas vidas, da hora que acordamos ao voltar a dormir, das tarefas que estabelecemos e às vezes não conseguimos completar ou quando descobrimos que falta Tempo para completar o quebra-cabeça da vida, que sempre está em construção.

A vida diante do Tempo representa uma complexa sequência existencial, tão única, tão particular, que o que sobra no final é a certeza de que a vida é curta demais para tantos sonhos que ora aparecem em nossas mentes e nos aquecem e ora se desfazem de forma gelada no caminho do coração quando não encontram sintonia e nem companhia. Quem sabe isso ocorra devido à lacuna existente ao descobrimos que pelo menos um terço de toda a nossa vida passamos dormindo, em outra onda, em outros sonhos e em outra dimensão. 

Em outros momentos, a materialização do Tempo se dá ao percebermos as transformações aparentes em nossos corpos refletidos no espelho da vida e nessa hora quem se prende à ditadura do corpo em sua complexa vaidade, vê que só sobraram as marcas aparentes e com elas apenas quem esteve ou está conosco por amor verdadeiro. As demais vieram para curtir a nossa boa aparência enquanto existia.

Enquanto para uns e umas somos um soneto inacabado e sem vida, para outros e outras somos as vírgulas, os acentos e os pontos de exclamação de um lindo poema de amor. Somos às vezes chaveirinhos a colorir uma parede de desenhos tão tênues, e em outros momentos somos o alicerce de uma construção em movimento. Viajamos nas mentes alheias, às vezes em corações que ainda se inquietam e se completam com a nossa presença e em outros apenas como mais um e uma na multidão.

Querido tempo. Tu que és Senhor da Razão e da Verdade, Senhor da nossa existência e Senhor que divide vida da morte, acalma meu coração e me ajuda a entender as entrelinhas da vida para que eu ainda possa reescrever as folhas que perdi do meu diário com os solavancos do dia a dia e continuar escrevendo a minha história de vida que é o que ficará para quem me amou e me ama de verdade, seguiu e segue comigo pelas veredas da vida e que se importa de fato com a minha existência.

Tu não existes para os deuses, que se deliciam com a vida em abundância, mas presos a uma forma de vida onde o erro inexiste, pois errar é só humano e é nessa lacuna onde tudo se explica e acontece. Tu só existes de forma latente para nós, pobres mortais, que por mais que vivam e gozem com a vida, se vão com suas obras incompletas, seus amores inacabados e sem data marcada para a despedida.

Tu que tens o grande poder da existência ajuda-me a conviver comigo mesmo e a entender que a vida é bela, que existem pessoas tão belas e o melhor ainda está por vir. 

Que eu ainda tenha tempo de desfiar o que é racional, me saciar com as emoções alheias em minha direção e continuar lutando para que valha a pena a minha existência e se não for muita ocupação, Senhor da Verdade e da Razão, me faça um sonhador ao acreditar ainda ser possível amar e se amado. 

Quem sabe seja Tempo de fechar os olhos e sentir uma sinfonia de violinos, com um solo de oboé, a compor uma melodia para minha alma se aquietar e eu possa acordar com ela em mente e cantarolar pelo resto do dia. Quero seguir pelo caminho da paciência, da persistência e do amor e acreditando que sempre poderei aprender, crescer e mudar... O Tempo dirá...! 

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Social